ILUSÕES, INCOMPREENSÕES E OPORTUNISMO DIFICULTAM E ATRASAM A CONSTRUÇÃO DA FRENTE AMPLA.

As perspectivas que o governo da extrema direita não se mantenha por muito tempo e se enrede em contradições insuperáveis, persistem na cabeça da maioria do campo da esquerda, organizações popular, progressistas e democratas em geral. Essa ilusão, faz com que direções política e militância permaneçam á espera do momento oportuno para comemorar a derrota do reacionarismo em nosso país. Isso leva a paralisação, ao imobilismo e a concepção estranha na luta de classes, de que a árvore cairá, é só aguardar.

Rechaçamos completamente tais ilusões, pois o que vemos no mundo, é exatamente ao contrário desse pensamento. As saídas do imperialismo, é a guerra, massacre dos povos, mais miséria, doenças, fome, desalento, angústia, desemprego, catástrofes provocadas pela insanidade do lucro máximo. As forças políticas para levar a cabo tais projetos estão ocupando os postos, tanto na Europa como na América, isto é, a extrema direita. E sobre as contradições, não temos dúvida que o governo está cercado por contradições, aliás ele próprio é produto de uma contradição, e que no caso, veio contra o proletariado. A revolução Socialista é produto de contradições capitalista. Portanto, uma contradição e sua superação, o seu resultado depende inteiramente da ação de forças sociais. Ignorar tais fatores, a contradição é superada contra o lado mais fraco, e o que já é terrível, pode ficar ainda pior, contra o povo.

A miopia de ver apenas a árvore e não ver a floresta, faz com que muito das lideranças, não só tenham dificuldades de analisar a conjuntura mundial, mas nem se quer, ver o comportamento das forças políticas na conjuntura local e dos países vizinhos. A Venezuela está a beira de uma invasão fascista, e o Brasil tem a sua maior liderança de esquerda presa. Cesare Battisti, foi sequestrado por avião Italiano, que simplesmente fez o que fez, como um espetáculo digno de Hollywood. A Nicarágua, o ataque ao governo de esquerda não cede, e no México, nem bem assumiu um presidente de centro esquerda, e já teve um atentado a empresa Estatal PEMEX, com a tentativa de desestabilizar o governo e privatizar a empresa. A soberania dos povos está ameaçada de cima a baixo, e parece que para a grande parte da esquerda, a ficha ainda não caiu. Todos os acontecimentos, acima citados, parece não dizer nada, a não ser essas concepções estranhas ao movimento, que se não combatidas, corroem a luta do proletariado contra a extrema direita.

Essa visão política econômica, leva ao entendimento, a outras ilusões, iguais ou piores daquela que “a árvore cairá sozinha” no caso citado acima. A ideia de que tudo voltará como era antes, isto é, das políticas compensatórias para o povo, como as várias medidas economicistas tomadas no governo Lula. Insistimos em dizer: Nada do que foi será, nem sob a ordem política e nem econômica. Sob a crise geral do Capital, com as perspectivas apontadas pelos relatórios internacionais, é que a economia mundial se arrasta, decresce e logicamente o seu modo de produção Capitalista.

As ilusões de que um governo de esquerda, sob o modo de produção capitalista muda as questões intrínsecas do sistema, é o esforço pequeno burguês para encontrar um outro caminho que não seja a revolução socialista. Podem continuar tentando, assim como o Dühring imaginava que o novo mundo viria apenas sob a compreensão moral de que o mundo atual era ruim. O problema dessa incompreensão no entanto, aparece no plano político. E é aí a grande desgraça. Na hora de fazer a luta avançar, são conduzidos por essas ilusões econômicas, as quais os fazem se manter apáticos frente a luta de classes, tal qual já evidenciamos no caso do impeachment da Dilma, que grande parte das direções se negava a tomar medidas para conter a Direita e a extrema direita, e como vemos agora, em relação a torcida para que a árvore caia.

As incompreensões, giram em torno da própria necessidade da unidade das forças populares, sob o comando da esquerda, em uma frente ampla. O povo, não dará um passo se quer, na luta política, caso não haja uma grande unidade de partidos de esquerda e populares, lideranças e dirigentes progressistas e democráticos, para por abaixo a extrema direita. A manter esse distanciamento em relação a Frente Ampla antifascista, contra a extrema direita, trabalha-se para ações de baixa intensidade, exclusivistas, sem massa.

Por mais corretas que sejam, apoios, alianças, ações, protestos; desconexados de uma grande frente antifascista, será sempre limitada. As incompreensões de que uma frente dessa magnitude sirva a aspectos apenas eleitorais, é de antemão evitar uma saída para dar passos decisivos (e quanto mais cedo melhor – talvez mais eficácia tenha) e impor derrotas substancial ao crescimento da extrema direita no Brasil e na América do Sul, na tentativa de isolar o próprio imperialismo Ianque.

As incompreensões em relação a atual conjuntura, também se caracterizam pelo esforço que os partidos de esquerda e populares institucionalizados dão, ao parlamento. Ora, em vista do golpe de Estado, de uma eleição fraudulenta do início ao fim, com a constituição sendo secundarizada; priorizar esse campo de luta, neste quadro é uma manifestação de ignorância política.

O comando está dentro das organizações, em sua perspectiva de busca e entendimento unitário, em chamar suas militâncias, em fazer atividades de massa, chamar os partidos irmãos, etc. As lutas menos institucionais são 100 vezes mais poderosas que qualquer acordo, acerto, eleições obtidas no parlamento. Nenhuma mesa da Câmara ou do Senado, mesmo com a presidência, no quadro que a luta de classes se desenvolve no Brasil, na América do Sul, pode fazer muita diferença. É preciso entender isso.

É claro que sabemos, que a religião da esquerda institucional brasileira é o Parlamento e as eleições burguesas, e que não há vida fora dessa luta política para a maioria delas. Aqui, a democracia universal assume contornos claros da democracia burguesa. Manifesta-se como religião, pois ela é o ópio que lhe imputa a alienação para acabar com as mazelas do Capital, sem ela (democracia burguesa) não tem luta. E isso, significa que, para participar desta alienação é preciso ter uma ferramenta a contento. Por isso, nasce daqui, a busca de cada partido tornar-se mais efetivo e eletivo para tais perspectivas. Essa é uma concepção propriamente burguesa, oportunista e liquidacionista, que impede sem dúvida alguma a realizações de frentes amplas.

Nesse momento, é oportunismo, a exclusão de algum partido de esquerda e popular, na formação da frente ampla, bem como, a tentativa por parte de A, B ou C, lutar pela exclusividade desta. Essa é uma tendência que se manifestar de forma nociva aos interesses da unidade popular, pois, Partidos que, não sofreram as derrotas esperadas no parlamento, e outros que avançaram em mandatos e número de votos, já fazem as contas para o próximo pleito. E outros, em razão de seu fraco índice eleitoral, ficam reféns de certas políticas para manter seus espaços. Tudo isso faz manifestar-se fortemente a tendência oportunista e divisionista.

Contra as incompreensões, ilusões, oportunismos, rancores, apatia, estreitezas, prepotências, devem ser levantadas as bandeiras da unidade, da luta e da resistência. São elas as chaves para colocar o movimento em ação e superarmos os desafios que a luta de classes está protagonizando no Brasil e na América Latina, por conta da crise do Capital e do imperialismo americano.

– Abaixo o Imperialismo e o fascismo.

– Fora EUA da Venezuela.

– Abaixo governo de extrema direita no Brasil.

– Unir, lutar e resistir.

– Em defesa da Frente Ampla antifascista e antineoliberal.

Por João Bourscheid.

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