DIMITROV: “ A PIOR DITADURA CAPITALISTA É O FASCISMO”

Quando Dimitrov assumiu a direção da 3ª Internacional Comunista, em seu 7º Congresso, não teve dúvidas ao precisar teoricamente o significado do Fascismo como sendo “a pior ditadura Capitalista”. Nesse sentido, dá nome aos bois. Diz sem papas na língua, que se trata de uma ditadura de classe, da burguesia. Lênin, tendo a possibilidade de conhecer precocemente o movimento na Itália, sob a liderança de B. Mussolini, dizia que se tratava de uma tentativa de uma terceira via, isto é, debruçando o movimento contra o caminho da Revolução Socialista que ocorria na Rússia, na perspectiva de um rumo Nacionalista Social para a Itália. Até hoje, essas terceiras vias são tentadas por ditos socialistas, nacionalistas, anticomunistas, mas ou acabam sendo deterioradas ou assumindo as posições logicamente fascistas.

Mas, como se pode perceber, nesse documento de Dimitrov, em 1933, esse movimento já precisa o conceito de Fascismo, a pior ditadura burguesa, portanto, não está restrita apenas ao Nacionalismo acerbado de uma nação A ou B. Mesmo não ignorando essa condição nacional, a sua manifestação não é primazia de determinada região, mas sim de uma classe. A importância disso, é que esse movimento, ao surgir na Itália após a primeira guerra Mundial, precisamente em 1919, apenas rasteja na fundamentação de seu programa. Em 1919, a sua manifestação ainda é, na luta por jornadas de trabalho de 8 horas, extensão ao sufrágio universal às mulheres, proporcionalidade no parlamento, etc. Essas manifestações foram abandonadas. No entanto, o que estava bem definido era o antibolchevismo ou contra Revolução proletária.

Esse movimento, no entanto, foi se tornando cada vez mais consciente por parte da burguesia, como uma medida para solapar a principal atividade política do proletariado, isto é, a Revolução Socialista. Não é para menos que Stálin afirma que a burguesia imperialista financiou a militarização da Alemanha Nazista para invadir a URSS. Portanto, esse é um movimento consciente da pior forma de Estado ditatorial da burguesia, contra o proletariado logicamente. É altamente centralizado, que tem no comando o capital financeiro internacional, imperialista, como vanguarda. Seus representantes imediatos podem ser Bolsonaro, Hitler, Mussolini, Pinera, etc. Ora, todos sabem que nem Bolsonaro e Hitler teriam a capacidade intelectual para colocar em ação um movimento de tal magnitude, por suas ideias nazifascistas.

A manifestação dessa ditadura fascista, isto é, qual o momento oportuno que ela se torna impossível de ser contida ou tornar-se uma guerra aberta, não é difícil de entender. A “bela e democrática” Sociedade Capitalista frustra-se no primeiro momento que encontra um paradeiro a altura, para enfrentá-la. A burguesia imperialista é liberal, social-democrata, neoliberal, ultraliberal, fascista, conforme a luta de classe em curso. A crise é um fator constante, e ela encontra problemas econômicos no seu ápice, mas, políticos quando encontra um proletariado à altura para abatê-la. Imaginemos a crise de 1929. Se o proletariado do mundo tivesse simplesmente aceitado a condição de viver na miséria eterna, com a fome deteriorando milhões sem nenhuma força capaz de comprometer o Imperialismo, não haveria guerra, isso não quer dizer que não haveria mortes. A briga entre burgueses, que ocorre dentro do próprio sistema, faz-se por um processo de centralização (falências e incorporações), mas em relação à classe antagônica, revolucionária, com uma maioria absoluta dentro e fora da produção, precisa ser desviada dos seus instintos políticos. Por isso, os fascistas têm o interesse de, em primeiro lugar, por fim àqueles que podem direcionar a classe para esta investida – os comunistas.

A descoberta da classe revolucionária por Marx fez Lênin considerar como sua principal genialidade. Fica claro, pois, de nada serviria toda a ciência econômica capitalista e o estudo da mais valia se Marx dissesse ao final de seu estudo “é isso”, e daí tirar a ideias como saída, o convencimento da burguesia de que ela precisa amparar os pobres e os movimentos sociais. O fim da história é o esforço para que essa tendência se repercuta nos movimentos sociais, e cada um reze para que o mundo melhore. Mas ao contrário disso, a história é a história da luta de classes e nela contém a classe revolucionária, a classe que move a história para frente, para a transformação. É essa parte que faz a burguesia imperialista perder o sono.

A crise de produção de mercadorias existe desde que a propriedade privada a engendrou. Mas em um sistema em que a mercadoria é a forma de existência da própria produção, as crises são também seu ponto inicial, medial e final. Tanto é verdade, que se for contabilizado em um ano, no mundo capitalista todas as greves que ocorreram, por exemplo, em 2019, provavelmente passarão de 1 milhão. Isso é luta de classes. Se o proletariado aceitasse todos os resultados sempre prosternando as condições dadas, não precisaria nem milícia. A questão da luta de classes, não foi Marx o primeiro a considerá-la na história. Marx foi o primeiro a considerar a luta de classe como motor desta e a determinar o proletariado como classe revolucionária.

E durante as crises em especial, mesmo depois da Segunda Guerra Mundial em que foi adequado um Estado Burguês de Bem Estar Social, por conta da luta de classes (medo da URSS), não passou um ano sem que a burguesia não tivesse que reprimir multidões, invadir países, matar grupos políticos revolucionários, prender políticos proletários e golpear nações. Isso tudo, entendendo, que a crise não era de natureza geral. Por isso, o que Dimitrov nos apresenta, é o fascismo como a pior ditadura do Estado Burguês. Que Estado? Qual o País? Pouco importa, e sim a classe que o promove. A intervenção no Vietnã, nas Coreias, nos golpes na América do Sul na década de 60 e 70 do século passado, e em tantos outros lugares do planeta, se não foi Fascismo, o que foi então?

Existe o Fascismo clássico, e que temos o exemplo na história, onde reuniu as condições objetivas e subjetivas mais prementes. A subida da Social Democracia no poder na Alemanha apareceu como a terceira via. Diferente apenas no nome de Fascismo de Mussolini, mas igual no combate aos comunistas, sindicalistas, revolucionários, grevistas, etc. O Estado de Weimar reprimiu o caminho revolucionário. A Social Democracia fez a terraplanagem para a subida da extrema direita. Derrotada na eminência de se tornar uma das grandes nações imperialistas, A Alemanha volta à cena com a crise de 1929 dos EUA, Inglaterra e França. É investida com mobilização de Capital pelos imperialistas, que movimentam a economia produtiva principalmente bélica, com perspectivas claras de afundar o restante das organizações de esquerda na Europa principalmente (ver Espanha- guerra Civil) e derrotar a URSS. O proletariado alemão em grande parte, dado as circunstâncias, desgraçadamente abraçou o movimento.

Assim como as revoluções clássicas, ‒ como a Francesa (burguesa) que em nenhum outro lugar ocorreu idêntica a ela, como a Revolução Inglesa 100 anos antes, que não foi clássica, mesmo que a cabeça do rei tenha rolado, ‒ é provável que a revolução proletária na Rússia também seja clássica como não há nenhuma outra. Todas as demais Revoluções Socialistas foram diferentes, pois encontraram o momento oportuno para desencadear os processos contra a burguesia, como é o caso da China, de Cuba, do Vietnã, do Laos e da Coreia. A história só repete por farsa, como sentenciava Marx diante das conclusões de Hegel.

No entanto, assim como todas as revoluções, é necessária a tomada do poder político de uma classe sobre a outra. O Fascismo tem o seu principal legado na quebra da resistência do proletariado sob a mais severa ditadura de classe burguesa, isto é, utilizando-se de todos os meios necessários para tal. O que marca a época do crescimento dos movimentos fascistas é a culminação com a crise geral do sistema capitalista e, logicamente, com as perspectivas da revolução proletária mundiais. Essas são as condições objetivas desses desenvolvimentos.

A tarefa dos revolucionários é denunciar o Fascismo, a extrema direita, aumentar a propaganda contra os ataques políticos e econômicos ao proletariado, e preparar ações para a tomada do poder. Além disso, tirar o proletariado da influência Social Democrata, que pavimenta o domínio burguês fascista, pois quebra a resistência do proletariado de uma maneira mais sútil, indireta, despolitizada, economicista, isto é, dando pleno curso à 3ª via, evolutiva, antissocialista.

Foi nesse curso de acontecimentos que a Rosa Luxemburgo previu ante a escalada da Social Democracia ao governo e ao desenvolvimento do Fascismo na Alemanha que havia se colocado dois caminhos: “o Socialismo ou a Barbárie”.

Abaixo o Fascismo!

Fora, Bolsonaro e sua extrema direita!

João Bourscheid.

1 Comentário

  1. João.Não podemos esquecer,que o regime capitalista,também esta acabando com a produção de mercadorias consumidas pelos pobres,os proletários,com o fechamento voluntário das fábricas,pelos burgueses,que voltaram há alguns anos,para o AGIOTISMO.E como o agiotismo,se nutria nas ações das empresas,hoje quebradas,pelo baixo consumo dos miseráveis,voltaram-se para AGIOTR OS TESOUROS DOS PAÍSES,que recolhem impostos.E ,com a falência das empresas,os Estados pouco arrecadam e ai…A VACA DOS BURGUESES,VAI PRA O BRÉJO

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