É comum a muitos teóricos, principalmente antipovo, com a desculpa de defender a causa proletária, levantar em todos os momentos de luta acirrada a bandeira de que o Partido não deve substituir as massas. Essa fraseologia, longe de reforçar um princípio na luta de classes, tem por inúmeras vezes o objetivo de puxar as rédeas de quem está à frente do movimento, chamando às ruas, à luta, à ação.
Se não tivesse a classe em si, não poderíamos nem falar do ponto de vista tático e muito menos estratégico de revolução, nem na tomada do poder político, essas e outras coisas parecidas. Portanto, é objetivo a existência da classe. Logo, assim como é a parte subjetiva que viabiliza a ação política das massas, também a inviabiliza. Esse é o poder da organização proletária e não proletária, isto é, Sociais Democratas, pequeno burguesas, democráticas universais, liberais, economicistas, pseudo-revolucionárias, esquerdistas, e aí, vai mundo afora.
É um carnaval de tendências do campo popular a disputar as massas, além de logicamente as de direita, que tem as ferramentas mais adequadas para coagir em tempos de paz (luta de classes ainda contidas) e em tempos de guerra (luta de classe aberta). Sendo que no segundo momento, nas épocas de luta de classe aberta, as organizações de esquerda têm condições de levar as contradições econômicas ao nível político proletário, isto é, para a tomada do poder. Mas só a organização realmente proletária fará isso, todas as demais levarão no máximo a luta política das massas, ao nível burguês, inviabilizando as massas, politicamente. Como a principal tarefa da organização de vanguarda é política (revolucionária), essa ficará sempre atada, se depender das demais organizações do campo de esquerda, democráticas e progressistas. Isso não significa que não deva buscar alianças, aliados, unidades, pelo contrário, essa é uma ação que essa organização deva sempre buscar. Não deve ficar de mãos atadas em relação ao caminho próprio a seguir, isto é, ficar dependente do caminho proposto pelas outras organizações. Se Lenin não tivesse chamado os bolcheviques a defender todo o poder aos sovietes, em abril de 1917, e ouvisse as demais organizações de esquerda, jamais a revolução teria se cumprido.
Por isso, essa posição diferenciada, para se concretizar, depende da força que a organização proletária tem nas massas. Sua fundição com ela depende de uma determinada quantidade de militantes e organizações, e, logicamente, da política de classe que os membros do partido defendem. Quantidade e qualidade são essenciais nessa questão.
Evidencia-se também, neste momento, além da tentativa citada acima, puxar a vanguarda para trás, o que aparece com bastante força. As teses que insistem em dizer que a classe operária já não é a mesma do século XX. Começam por dizer, que o trabalho de produção diminuiu, e a existência do setor de serviço é o carro chefe do período em que vivemos. Ao pronunciar isso, o que querem nos dizer exatamente é que o proletariado deixou de ser revolucionário. Deixou por não estar só nas fábricas? Que as fábricas tomadas de robôs, já não fazem mais os operários revolucionários? Por que uma pequena parte dos operários tornou-se uma aristocracia, comprometeu toda a classe? Que o proletariado atual não tem mais condições de tornar-se classe para si? Por fim, o que querem dizer exatamente?
Querem dizer exatamente que eles (os dirigentes), os Sociais Democratas, encontraram outras teses para minar a luta política do proletariado e adequar ao economicismo burguês. Quem depôs armas foram as lideranças que se abraçaram ao liquidacionismo. Palavras reacionárias são colocadas na boca do proletariado como se fossem novas. Essas teses, na verdade, abrem espaços para as tendências equivocadas, como aquelas que há pouco víamos, de que golpes não existiriam mais no Brasil. Teses como aquelas que permitem parte da esquerda defender a Lava Jato ou tentar domesticá-la. Teses que não encontram nem cheiro de revolução, quando claro está que a burguesia entrou em bancarrota, em uma crise geral, que financia todo o tipo de milícias, guerras convencionais e não convencionais, a ascensão da extrema direita financia o fascismo, retira até a última conquista histórica do proletariado, etc.. São lideranças de “esquerda”, que veem neoliberalismo, ultraliberalismo, mas que não enxergam nisso tudo um átomo para mover a consciência das massas para ação política.
Pelo contrário, analisam todos os aspectos políticos para garantir a ordem burguesa, dificultando a compreensão conjuntural e a manifestação política do povo. Por exemplo: “O fora, Bolsonaro!”, não pode ser uma palavra da vanguarda, “o golpe não existe mais”, “a Lava Jato deve ser dirigida”, “protofascismo e não fascismo”. Ora, diante de um cenário de crescimento da ofensiva fascista, ficar segurando a mão, é a coisa mais perniciosa que existe. A Frente de Esquerda, de grande importância nesse momento, se se contiver no campo simplesmente eleitoral, não contribuirá em nada para o avanço da luta.
Se estivermos vendo “coisas”, qual é a razão da 56ª Conferência de Segurança de Monique (Alemanha), que tem como tema a “Desordem Global”, onde a posição da Rússia é de alerta sobre a segurança internacional, pelo fato da ordem global se degradar cada vez mais rápida. Nesse sentido, apresenta as “prioridades da política externa russa na época de um novo confronto entre grandes potências”. Ora, é fato que é preciso destruir as forças produtivas para o capitalismo continuar existindo. Portanto, a burguesia exercitará seu papel histórico de destruição, e o proletariado só a impedirá, se não ficar refém da Social Democracia.
O Brasil, provavelmente, não é o elo mais fraco da cadeia imperialista, porém, pode se tornar o elo mais forte na luta contra o fascismo, caso as lideranças revolucionárias junto com o proletariado romper com o status quo do fascismo americano e derrubar a burguesia brasileira, capacho desse fascismo.
Fora, Bolsonaro e sua extrema direita fascista!
Romper com os Fascistas é abrir as portas para o futuro do Brasil.
João Bourscheid
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