Se Giordano Bruno, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Leonardo da Vinci e outros, viessem ao mundo e assistissem à luta entre a ciência e o obscurantismo em relação ao Covid 19, garantiriam que estávamos ainda no Renascimento. No entanto, logo veriam estranheza nesta controvérsia, pois desde o Papa até o mais “nobre dos nobres” estão convencidos de que a ciência deve ser proclamada o caminho mais seguro e racional para direcionar a humanidade. Estranhariam sim de imediato, pois grande parte deles foi condenada à inquisição pelo Clero e pela nobreza, por simplesmente pregar a ciência.
“Onde que se ouviu dizer, malditos infames, que a Terra não é o centro do Universo, ou que a Terra gira em torno do Sol”. Dos risos pela ignorância de Giordano, Galileu, Copérnico e outros, a morte, queimando na fogueira, ou a retratação. Alguns puderam se retratar e disseram que estavam errados (mesmo sabendo que estavam certos). Outros mantiveram a postura e perderam a vida. Outros, nem mesmo se retratando adiantou. Estariam eles agora, estando de volta, maravilhados, a ciência venceu.
Logo veriam também qual foi a ciência que vencera. Por um lado, o deslumbre pelo avanço tecnológico, por outro, a decepção pela existência da servidão e da escravidão. Diferente, é verdade, na forma de escravidão salarial. Mas igual para aqueles que produzem e tocam o sistema, como em sua época, isto é, luta diária pela sobrevivência, miséria, condição histórica de dependência a um punhado de ricaços. E no aparelho do Estado, não mais reis, príncipes, senhores feudais, mas agora dirigentes “democráticos”, eleitos pelo povo. A confusão aumenta, pois governos populares, democráticos, eleitos pelo povo, se esforçam para separar e manter a plebe de um lado, e a riqueza do outro. O que os nossos celebres cientistas há 500 anos atrás ainda não sabiam, e poucos ainda na atualidade sabem, que a luta de classes é a ciência básica do movimento histórico. Em outras palavras, da ciência, para as ciências.
Por isso, falar de Convid-19 ou sobre qualquer fenômeno natural ou social, sem base de classe, seremos vítimas sem dúvidas dos enganos, como foram e são, os cientistas que a pouco citamos e os atuais, de verem a ciência como uma expressão Universal, sem ideologia. Ciência neutra, é ciência burguesa, em nossa época, na deles (Renascimento) fora a Feudal. E a respeito da Pandemia, não precisa ir longe para encontrar esses erros. A esquerda do nosso país, comete esse engano, quando ao atacar Bolsonaro como sendo o mais irracional, obscurantista, fascista entre todos os representantes das nações capitalistas; ao mesmo tempo que saúdam, Trump (EUA), Conde (Itália), Sánchez (Espanha), Johnson (Inglaterra), Merkel (Alemanha), e outros, por estar dando todo o apoio ao seu proletariado diante da crise “viral”. Como se diante dessa crise esses governos não estivessem, como Bolsonaro, olhando exclusivamente para os grandes capitalistas, banqueiros e dando algumas migalhas para o povo para que ele não se levante repentinamente em armas, e tome de assalto o poder dos ricos.
Bolsonaro faz exatamente o que qualquer país capitalista faz. Só que ele não vê, porque é realmente o mais idiota, o mais imbecil, o mais obscurantista, o mais ligado ao cerne fascista dos EUA, que desde os “Papados” (Estados capitalistas) até as representações mundiais OMS, ONU, FMI, estão com medo do vírus, porque não agindo e não tomando as providências, a crise será muito maior. E de lambuja, aproveitam a crise do Capital adiantada pelo vírus, para espoliar, ainda em um grau mais elevado o proletariado. Essa simplicidade, que não só o Bozo não viu como também não viram muitos grandes capitalistas e imperialistas do mundo todo, teve que ser esclarecida não pelos membros da saúde, vigilância sanitária, médicos, infectologistas mas pelos intelectuais científicos da burguesia, que estudam 24 horas por dia a luta de classes.
Mas quem pensa que Bolsonaro já não entendeu, está totalmente enganado. É só ver para onde pende o grosso do dinheiro que o Banco Central derrama para a salvação da burguesia. E quanto os minguados R$ 600,00 a R$ 1200,00 que serão direcionados ao povo, serão pagos pelo próprio povo. Vão reduzir 30, 50 e até 80% dos salários de quem está trabalhando. Os servidores públicos que já estão espoliados ao extremo, serão ainda mais vitimados. O triunfo do Estado de Guerra contra o vírus pode durar anos, com ou sem o Bozo, estendendo com isso o garrote político e econômico sobre o povo. Qual a nação capitalista que não fará o mesmo, com o povo?
Sobre isso, denunciamos aqui os movimentos dos EUA nessas últimas semanas, “muito preocupados com o COVID-19 e o seu povo”. O seu programa de salvação nacional vai bem além daqueles 10 trilhões de reais para salvar os monopólios privados, banqueiros e algumas migalhas ao proletariado. O país tem em vista aprofundar o domínio do mundo e a exploração. Já não é mais novidade que o navio de Guerra e as tropas dos EUA estão direcionados à Venezuela, ao aprofundamento da Guerra no Oriente Médio e ao cerco do Irã. A denúncia contra esses avanços de guerra e das sanções a países que enfrentam a Pandemia foram formalizados pela Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e Síria, na ONU, exigindo imediatas medidas de contensão. E o que pode fazer a ciência burguesa diante desse pedido, absolutamente nada de prático. Cuba, faz essa denúncia a 69 anos, e até agora, nada.
Por mais Social-Democrata que fossem os opositores de Trump, em nada adiantaria apresentar um pouco mais de migalhas para a esfera daqueles que são mais vulneráveis nesta época. A luta é válida, mas se ficar neste limite, talvez a Madre Teresa de Calcutá faria melhor. Nessa perspectiva de guerra, estão de mãos dadas a maioria dos Republicanos e Democratas, e 100% dos grandes monopólios. Logicamente e muito mais que esse dinheiro aprovado no Parlamento Americano vai ser usado para a guerra. E quem a impede? Qual a força que poderia ofuscar essa ação? Só o proletariado americano, criando um cenário interno de guerra civil. Ademais, os povos do mundo que se preparem para enfrentar o tormento de seus governos e de suas burguesias.
Também não será a nossa parca contribuição de ajuda aos trabalhadores, microempresários, diaristas, artesãos etc., que fará alguma diferença na situação em que está a luta de classes no mundo, na América do Sul e no Brasil. A Plataforma política que defendemos, independente da defesa econômica do proletariado, é aquela que cause os maiores danos na já débil unidade da burguesia. Nisso, a esquerda deu um Passo á frente, tomando para si, o “Fora, Bolsonaro”. Mas em seguida, deu dois passos atrás, passando a apresentar uma plataforma com medidas de contensão as políticas Bolsonaristas, pós renúncia. O dito cujo nem caiu, e eles já tem plataforma. Numa mão a espada, na outra afagos e troca de presentes, e o golpe segue.
A plataforma, no entanto, que pode causar maiores danos para a unidade da burguesia, e aprofundar as brigas intestinais dela, é o “Fora, Bolsonaro e sua Corja, Mourão, Moro, Guedes…” e a par disso, deve-se ampliar a luta dos partidos de esquerda junto ao povo, contra o golpe, na denúncia e conscientização das contrarreformas (previdenciária e trabalhista), da entrega do patrimônio público, da Petrobrás, e o significado de sua privatização, da entrega da Amazônia, da base de Alcântara, e da submissão aos ianques pelos atuais lambe botas.
Esta é a verdadeira plataforma capaz de Unir o povo para a luta, e não para outro caminho qualquer, porquanto defendemos a ciência proletária. Em época de crescimento do Fascismo no mundo, a única ciência capaz de ter uma ação efetiva contra essa corja, é aquela que amplia com base na unidade e na luta do povo, divide a burguesia, neutraliza setores democráticos burgueses e pequenos burgueses, atrai e dirige as lideranças mais combativas do proletariado e isola os elementos oportunistas da extrema direita. Em outras palavras, abraça a causa histórica da luta proletária, da libertação humana, isto é, da Revolução e do Socialismo.
– Fora, Bolsonaro e sua Corja, Morão, Moro, Guedes…
– Fora EUA da Venezuela!
– Em defesa da Ciência proletária, única capaz de levar a humanidade à liberdade.
João Bourscheid
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