Fotos da agência Associated Press mostram corpos enterrados na vala comum de Hart Island, no Rio Harlem, entre Manhatan e o célebre distrito continental nova-iorquino do Bronx. Para a Casa Branca, a tragédia é insuficiente, pois, além de lidar com a contaminação interna massiva pelo Covid-19, deflagrou a sua mais recente aventura militarista. Com tal objetivo, Trump inventou a desculpa de “combater o Narcotráfico” na Venezuela. Uma provocação! Mesmo as pessoas mal informadas percebem a farsa: nada mais é preciso do que olhar os próprios EUA. Ali operam as maiores redes narcotraficantes do Planeta. Seus negócios marginais estão vinculados aos conglomerados monopolista-financeiros, que lhes fornecem insumos químico-industriais, lavam produtos e financiam operações paramilitares contra os desafetos de todo tipo.
O pano de fundo, a bem da verdade, mostra-se bem mais complexo do que os problemas psicológicos, ideológicos e políticos de um personagem. A compulsão bélica permanente compõe o ser social do imperialismo – a sua imanência – e se mostra particularmente aguçada em uma fase marcada pela decadência econômica e pelo declínio geopolítico que atinge a superpotência do Norte em um mundo que adentrou a multipolaridade. O reacionarismo de Trump é a contração muscular de uma “fera ferida”, para se repetir a expressão de Erasmo Carlos gravada por Maria Bethânia. O seu nacionalismo de ultradireita precisa rugir quando qualquer Nação vizinha – de um “quintal” que julga seu – resolve se rebelar, trilhar caminhos soberanos e ainda favorecer o protagonismo popular.
A conjuntura também interfere na equação que impele o magnata-presidente à pirataria. Saltam às vistas de qualquer observador as três motivações conjunturais que Washington assume sem qualquer pudor: desviar o desassossego interno em face da política sanitária desastrada, que jogou a sua população no centro global da pandemia; prevenir-se da corrosão que a crise econômica trará; e mais uma vez açular demagogicamente a xenofobia local na campanha pela reeleição continuísta. A mais recente mentira maquia o perfil de um órgão policial antidrogas – DEA – como agência interessada em humanitarismo e liberdade, visando a desestabilizar não só o Governo, como também o regime político e o Estado venezuelano, vez que o títere Guaidó e seu golpismo se desmoralizaram.
Eis por que o porta-aviões USS Abraham Lincoln e sua frota navegam como corsários na costa bolivariana. O Comando Sul, na Flórida, finge ignorar que as drogas se movimentam nas cercanias de suas bases na Colômbia, seguindo pelo Caribe em cargueiros inocentes ou iates luxuosos, e a outra parte penetra pelos canais amazônicos, aqui se espalhando sob a tutela miliciana que o grupo entreguista no Planalto acoberta. O seu propósito é um só: intensificar o bloqueio, invadir a Venezuela, depor os governantes, saquear os valiosos minérios e isolar Cuba. Cabe aos setores nacionais, democráticos e progressistas defenderem a paz e impedirem que o Governo Bolsonaro lance o povo brasileiro em um conflito que seria, entre as guerras, a mais injusta e sangrenta na história pátria.
Até hoje o imperialismo não se conforma com a libertação de cuba de suas garras. O embargo contínua, mas a vergonha maior são as nações que aceitam esse bloqueio, adotam pensamentos alheios.