A LUTA IDEOLÓGICA E ECONÔMICA SÃO REFÉNS DA LUTA POLÍTICA

Engels constatou que no antagonismo de classes existem três lutas, a ideológica (luta de ideias), a econômica (luta pela sobrevivência de um lado e do outro a exploração) e a luta política, que em essência é a luta pelo poder político de classe economicamente mais forte na Sociedade. Aqui já se percebe com clareza que cada classe economicamente mais forte só pode comandar a ordem estabelecida no seu sistema econômico, suas relações de produção, seu poder político, isto é, sua ditadura. Por isso, a burguesia só é a classe mais forte economicamente no capitalismo, no Estado burguês, e o proletariado, no Socialismo, no Estado Socialista. Por isso, a revolução é a tarefa essencial da classe que busca tornar-se a força economicamente mais poderosa da nova Sociedade.

Para a luta política proletária avançar, é fundamental ter ao seu lado um desenvolvimento correspondente da luta ideológica. Já a luta econômica parece representar o contrário, isto é, na medida em que se satisfaz, nos modos de exploração de classes, os avanços da classe explorada economicamente, a luta ideológica e política diminui, ofuscando temporariamente a luta de classes. Como isso pode ocorrer? Essa concepção (de melhora da condição de vida do proletariado) fortalece inclusive as teses da revolução de Lênin, que diz que entre outras causas, que para ocorrer a revolução, a fome deve se apresentar acima do normal. Então, nem com uma fome “normal” acontece revolução, e muito menos quando ela (a fome) for menor que o normal.

Sabemos que por maior boa vontade que possa existir nos lutadores a perspectiva de melhorar a vida do proletariado no capitalismo, o caminho para a miséria age como uma força centrífuga, que suga a massa proletária para a deterioração, para a fome. Vemos isso presente em nossos dias, a grande massa caminha para a pobreza a passos largos, inclusive no país considerado mais rico do mundo, os EUA. No Brasil, onde o genocida Bolsonaro se alvoroça de que o Brasil vai matar a fome do mundo, se contradiz ao anunciar que a fome em mais de 50% dos lares brasileiros é a mais pura realidade. E essa situação não é diferente na maior parte dos países do mundo.

As tentativas de limitar o abuso do Capital contra a exploração máxima do trabalho (exploração da mais valia) é uma luta necessária de classe; sendo tão influenciadora que é neste movimento que se organiza grande parte dos trabalhadores e de onde são inseridos e influenciados para a luta política. O economicismo nasce justamente aqui, não como luta contra o capital na exploração do proletariado, mas como sequência dessa luta orgânica na política. Ao enfrentar a classe burguesa, o economicismo rebaixa a política ora para a direita ora para a esquerda. Vai a direita quando se tornam apologistas do capitalismo, do imperialismo transformando a classe proletária em mais uma refém da burguesia (passando a lutar permanentemente por migalhas); e a esquerda quando pensa que com uma greve geral poderá conduzir o proletariado para o Socialismo (isso não quer dizer que não possa ocorrer, mas nesse caso a luta política proletária já está organizada em seu partido, já é o elemento dinâmico da luta de classe); ou ainda quando pensam, que a luta por um programa mínimo ou pela democracia ou reformas de nada adiantam, pois elas contradizem a revolução.

A sentença da política é dada na luta pelo poder político, nada além disso. Portanto, para a burguesia é manter o poder e para o proletariado é derrubá-lo, construir o seu próprio poder político. Essa é uma luta, que abrange todo um período histórico, por isso, a preparação, o desenvolvimento, a amplitude, a ciência, e a obstinação ante qualquer problema, a ideologia, o Partido. Por fim, ele, o Partido, o Estado maior da classe operária. Por isso, destruir o partido da classe operária, é destruir a revolução, o Socialismo. Na URSS, o partido bolchevique foi destruído antes da chegada da Perestroika e Cia. Como foi essa destruição não cabe aqui neste curto texto, mas foi exatamente isso que aconteceu. E não se constrói esse partido sem que o domínio da luta economicista seja combatida até os último degraus.

Este (economicismo) é um fenômeno na construção do Partido Proletário aqui no Brasil, que foi muito pouco estudada. Aqui, diferentemente da Rússia de Lênin, sobre quais heranças são renegadas, a demarcação política foi feita quanto partido, como organização pronta, e não como política. Construir um partido essencialmente político significa que a luta contra o economicismo é permanente. No entanto, neste momento histórico temos aqui em nosso País, no campo da esquerda majoritariamente, um economicismo, que se sustenta pela via do evolucionismo, que é a variante Social Democrata da segunda internacional, mais célebre, onde a revolução é liquidada.

Para quem lê Lenin, pode pensar que o movimento economicista está circunscrito apenas no aspecto da luta econômica. Claro que não! como dissemos acima, é a transformação desse movimento em um ato político. Na luta política proletária por excelência, o espírito subversivo deve estar sempre presente, mesmo nos momentos de recuo tático, pois até os recuos precisam ser políticos e não economicistas (abandonando o movimento de forma desorganizada). E o que dizer dos momentos mais favoráveis, quando a vida impõe ação da tomada dos céus de assalto, a falta deste espírito puxa o movimento para trás, dando voz e vez aos movimentos conservadores, defendendo reformas ante a revolução. Defendendo o evolucionismo frente aos saltos. Nessas horas, as teses esquerdistas se aproximam dos revolucionários e a Social Democracia levanta em armas ao lado do imperialismo. “Ninguém condena as Reformas de Kaustky, condenamos quando ele as defende nas épocas que a revolução está colocada” (Lênin).

Por isso, estamos juntos na luta pelos 600,00 reais a todos os brasileiros que estão em dificuldades de manter seus empregos diante da pandemia, de cobrar vacina imediata para todos, que se reduzam as horas de trabalho sem reduzir os salários, mas sem abrir mão do Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, pois eles são a vacina que o Brasil necessita nesse momento e evidentemente é a única palavra de ordem politicamente correta. Pois essa é uma luta que busca dar um basta no golpe, quebrar com o bolsonarismo como expressão do fascismo no Brasil e de uma ampla articulação de esquerda em defesa de um caminho soberano.

Que há espaço para isso, não temos a menor dúvida. Basta a esquerda não ficar escondida atrás da direita e buscar a aparecer diante do proletariado com cara própria, isto é, com uma política autêntica. O proletariado jamais terá sua determinação política de classe enquanto seguir a política da burguesia, pois ela é autenticamente econômica, ou seja, caminha contra aquilo que é próprio da classe revolucionária; pois ela (a classe proletária) deve, inequivocadamente, sempre buscar a luta política, a trama, a conspiração, a revolução; como um tratado sempre presente de guerra contra a burguesia.

– Auxilio emergencial digno para as necessidades do povo. 

– Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja.

– Abaixo o Fascismo.

– Em defesa da luta anti-imperialista, em defesa da Soberania. O petróleo é nosso.

– Ousar lutar, ousar vencer.

João Bourscheid

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