Qual o significado desta disputa para o proletariado francês e mundial? O que as direitas têm de diferentes entre elas, isto é, entre o neoliberalismo e o fascismo? Certamente a definição de uma e outra direita, ou direita e extrema direita, não está na posição partidária que cada uma ocupa e sim nas contradições em que o mundo burguês em crise apresenta como “saída” para a burguesia. É, portanto, a inevitabilidade das crises e o limite do modo de produção burguês que fazem a burguesia bater cabeça, literalmente. E, no desespero de não conseguirem resultados tangíveis do ponto de vista econômico, buscam absorver a sociedade em temas secundários, moralistas, racistas, místicos, para conspirar contra a transformação social, que é a única que pode livrar a sociedade da barbárie.
Rosa Luxemburgo, militante comunista alemã, viu de perto esse caminho (barbárie/fascismo) ser paulatinamente construído, inclusive com a assistência, rendição, apoio, subestimação e pela concepção antirrevolucionária da própria esquerda dita socialista. Só é possível derrotar o fascismo, bem como uma guerra avassaladora, com a ação do proletariado e seu partido de vanguarda. Sem isso, é difícil saber o resultado desta luta. Já dissemos inúmeras vezes, a burguesia jamais consegue impedir que a destruição das forças produtivas ocorram em um grau tal, que possam ter controle. E mesmo que venha se esgotar determinada destruição, em seguida começará uma mais violenta, profunda, e também avassaladora. O atraso das forças revolucionárias é o sustento das forças reacionárias.
Para muitos, no entanto, não enfrentar os golpes, o reacionarismo, o fascismo em todos os campos de luta, deixando eles agirem, significa que não tendo a força de oposição do proletariado organizado, eles logo (os fascistas) perdem o fôlego. Foi exatamente isso que a Social Democracia alemã fez na Alemanha na Primeira Guerra Mundial, não enfrentaram os fascistas naquela época, que ainda não tinham esse nome, apenas começavam a se desenvolver historicamente. Além disso, não querem demarcar como uma força antagônica ao Capital, com um projeto próprio, revolucionário e socialista.
Assim, apoiar Macron e Biden ante seus adversários de extrema direita Le Pen e Trump, parece algo progressista que faz a história parecer andar à frente. Nessa ideia, vimos que tanto Biden como Macron são as alternativas mais beligerantes dentro do imperialismo que estão na posição mais ofensiva de defesa da Ucrânia e contra a Rússia. No entanto, essa posição não se difere da posição da extrema direita, que também luta com todos as forças para dar continuidade ao seleto grupo das meias dúzias de nações imperialistas que dominam o mundo. Não há caminho “novo” para a direita e extrema direita desses países a seguirem, quem dita o caminho é o próprio estado monopolista financeiro que institucionalizou o fascismo como política de Estado.
O socialismo é rechaçado por ambas as forças e em seus países. As organizações revolucionárias foram desmanchadas pela própria luta economicista, quando não, pela ação da gendarme imperialista. No entanto, como resolve a questão da revolução nos países imperialistas? Pela queda abrupta das condições de vida do proletariado. É provável que neste momento, dado o limite das condições deterioradas das organizações revolucionárias, a revolução entre de fora para dentro ou ainda, por conta da crise, um novo partido revolucionário possa nascer.
O capital financeiro, neste período histórico, é sem dúvida o elemento mais violento para impedir que haja qualquer ameaça ao seu domínio. Essa parte monopolista, altamente financeirizado, atua como quem não estivesse materializado na sociedade. Utiliza-se de todos os movimentos para impedir que o proletariado possa cumprir com sua missão histórica, isto é, fazer a revolução e construir a nova sociedade sem classes.
Assim, utiliza-se de Trump tal qual se utiliza de Biden. Um racista, homofóbico, machista, e o outro aparecendo como antirracista, anti-homofóbico e antimachista etc. Ambos a serviço da causa imperialista, belicistas e antissocialistas. Não chegam a ser nem lados opostos da mesma moeda. Há em essência uma unidade muito bem tramada, com cara de oposição que um mobiliza aquilo que o outro tem dificuldades de mobilizar, segundo as condições históricas. Há divergências, sem dúvidas, entre eles, mas sem um setor consciente para poder explorar as suas divergências para a luta, servem apenas para reafirmarmos o apodrecimento do sistema e a centralização que faz a cada nova crise, algumas dezenas de capitalistas enriquecerem com um capital ainda maior, isto é, a criação dos multibilionários e aprofundamento da miséria e desgraça do proletariado.
Alguns dirão que há pelo menos a exclusão da extrema direita do poder, e isso nos garante possibilidades democráticas para nos organizar, um sistema menos policialesco. Para quem ousa se organizar para transformar é uma verdade, mas lembremo-nos de que o maior problema de organização está primeiro em superar o economicismo, que mesmo em liberdade democrática leva a organização revolucionária ao liquidacionismo; até mesmo, no pós-revolução, leva ao revisionismo. O quanto pior, melhor, quanto pior, pior, quanto melhor, melhor, são teses caudatárias do economicismo, só servem à gente que, diante da luta de classes, não tem nada a fazer, a organizar, a revolucionar.
A história demonstra que, na Alemanha, foi o economicismo transformado em liquidacionismo que se não abriu as trincheiras para o nazifascismo, deixou as tramelas abertas. O fascismo, ou a extrema direita, não pode ser evitado se o proletariado apenas servir aos intentos economicistas. Sem teoria revolucionária, o próprio proletariado se colocará ora partidário da direita, ora partidário do “centro”, ora partidário da extrema direita, sendo que objetivamente o lado que o proletariado decidir apoiar, caberá maior divisão da mais valia.
Por fim, o que queremos dizer é que, antes de Macron e Le Pen, Trump e Biden, o proletariado dos países imperialistas terá que superar o liquidacionismo que tomou conta nesses países das organizações marxistas/leninistas, se algum dia tiveram. Já nos países não imperialistas, no caso de toda América Latina e no Brasil precisamente, a Social Democracia e os partidos de esquerda são empurrados adiante pela pobreza gigantesca, e em determinados momentos de maior agravamento dessas condições, como agora, são chamados a lutar por um caminho de salvação nacional, no entanto querem fazer, sem romper com o atual Estado existente, sem alterar a sua representação de classe (Estado). Dessa forma, nunca conseguem sair do pântano, do economicismo.
Por isso, o caminho atual no Brasil está em aberto: só é possível avançar na salvação nacional, caso se queira ou se tenha em vista modificar as forças que dominam o Estado brasileiro. Caso contrário, será uma salvação nacional da própria burguesia brasileira e do imperialismo em relação ao proletariado revolucionário. Por isso, a nossa luta por um programa político.
Fora Bolsonaro, Mourão e suas corjas.
Abaixo o fascismo.
Lula presidente.
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