Em nova rodada de disputas, por conta dos movimentos de rua do dia 15 e 30 de maio e pela greve geral unificada do dia 14 de junho, a direita e a extrema direita se digladiam pela disputa do comando do Capital em nosso país. Embora os vazamentos da Lava Jato tenham tomado os noticiários da imprensa (esses devem ser vistos como reflexo da luta acima), são os movimentos de parte das empresas nacionais e, logicamente, de sua burguesia aos quais devemos nos ater.
A fala do presidente da Bandeirantes, João Saad, são significativas. Uma, pelo choro de quem ajudou no golpe (naquela época estavam aliados à direita e à extrema direita), e a outra, mais importante, que explicita o golpe como uma dominação do Capital estrangeiro, principalmente Ianque, sobre a economia brasileira. É sinal de que o caminho traçado pela extrema direita segue a cartilha do idealizador e executor do golpe, isto é, os EUA.
Moro e, logicamente, a Lava Jato são peças importantes na articulação de tornar o Brasil uma nova colônia dos EUA, como também, na ampliação dessa perspectiva, toda a América Latina. Assim como esse empresário, citado acima, outros começam a perceber a situação, a esquerda também demorou a entender o que vinha sendo articulado na época do golpe contra a Dilma. De onde vinha, qual era o nível de intervenção imperialista, etc.
A “consciência” “despertada”, por parte da burguesia brasileira, não deixa de ser importante, mesmo com lágrimas de crocodilo, pois não deixam de citar em suas falas as condições de miserabilidade que esse caminho tem levado o povo brasileiro. No entanto, qual é o caminho que os mesmos têm para “salvar” suas empresas, e, junto com elas, aqueles que já não conseguem mais dormir bem à noite?
O golpe foi aprovado (também por estes setores que hoje estão em compaixão com o povo) para que os direitos desses fossem atacados de cima a baixo. A direita e a extrema direita uniram forças políticas e desataram a Reforma Trabalhista, congelaram os investimentos na Educação, na Saúde e na Habitação; reverteram o processo de valorização do salário mínimo, e são unânimes em relação à Reforma Previdenciária antipovo. Portanto, burguesia sendo burguesia, nada de novo.
Mas no campo político, essa é uma briga extremamente importante, pois a propagação dos vazamentos da Lava Jato só alcançaram esse grau por conta da luta entre a direita e a extrema direita. E o nosso objetivo neste momento é que se crie um amplo movimento anti-extrema-direita. Nesse sentido, as portas estão abertas para quem quiser dar uma pedrada.
Além disso, em hipótese alguma, deve-se diminuir a luta anti-imperialista, que além de ser a luta que o proletariado trava contra toda a burguesia no rumo da revolução, é também a base que faz dividir a burguesia golpista em nosso país nesse momento. A divisão da mais valia, que cai nos cofres das empresas americanas, holandesas, japonesas etc., é muito maior do que aquela que cai nas empresas “brasileiras” de mesmo ramo e valor capital. E por quê? Por causa da Lava Jato que destruiu as empresas brasileiras com potencial de realizarem as suas mais valias.
Essa é uma luta que divide abertamente as burguesias (Nacional e Internacional) e, por conta da crise, essa tendência se amplia e se aprofunda. Para muitas empresas “brasileiras” retomar o grau de disputa anterior, é preciso uma luta para realizar uma reversão completa no comando do golpe, e colocá-lo sob suas bases. Nesse quadro, é quase uma meia “revolução”, um contra golpe, pois as empresas monopolistas, sustentadas pelo Capital imperialista americano, não entregarão, em hipótese alguma, o grau que atingiram neste momento de domínio no mercado brasileiro. Isso também explica por que as empresas brasileiras vão à falência e as bolsas crescem. Essas empresas que cresceram com o golpe da Lava Jato (que é o mesmo que dizer, o golpe do Imperialismo Ianque), absorvem, na bolsa, os ganhos quase de graça doados pelo Estado brasileiro.
Portanto, essa luta, de parte da burguesia brasileira, é uma luta de sobrevivência contra o monopólio imperialista, ao qual ela mesma está aliada há muito tempo. Nesse momento, houve o descarte de grande parte dela (burguesia brasileira) devido ao golpe, porém, faz parte da crise e da centralização ainda mais avançada dos monopólios internacionais. Para se ter uma ideia do tamanho do golpe, a Odebrecht passou de 260 mil empregos para 16 mil em apenas dois anos de intervenção.
Diante de tudo isso, é de extrema necessidade o movimento das ruas ser o ponto determinante para aprofundarmos essa divisão e avançarmos na luta de classes. E para isso, é preciso a unidade nacional da esquerda contra a extrema direita. O que resultar em água neste campo da extrema direita, desperta a luta contra o imperialismo, a intervenção Ianque, o golpe, o papel de Moro, a Lava Jato, o Bolsonaro, os Militares, e por fim, reacende as perspectivas de um grande movimento democrático e de mudanças.
A esquerda deve tomar a dianteira junto com o povo. A burguesia brasileira, embora reclame e chie, não tem força para fazer esse enfrentamento, sua vontade é limitada, é medrosa, e, além de tudo, é sócia menor daquele que vê hoje como inimigo, o imperialismo ianque. Quando está “preocupada com o povo”, é preciso entender que logicamente está preocupada com os seus negócios, e isso sabemos de cor; mas o que é mais importante, está clamando para que o povo se levante e que tenha possibilidades de alteração de forças nesse jogo. Além disso, acena que fará o que for preciso para dar esse apoio.
Por isso, a Frente Ampla vinga e tem base política para se efetivar; porém, se não quisermos passar pela história, apenas, sendo elementos coadjuvantes desta luta burguesa, nacional e internacional (imperialista), da direita e extrema direita, tomemos a dianteira, unamos as esquerdas e levantemos um grande Movimento Nacional contra a extrema direita, contra o imperialismo e pela mudança de classe na democracia.
É por isso que nesse momento reascende a luta pelo Lula Livre, e Bolsonaro já começa fazer campanha para a reeleição. Fazem parte dos reflexos da luta de classes nesse momento. Um com medo de cair (Bolsonaro), e o outro (Lula) com potencial de ser bancado estrategicamente como candidato da burguesia brasileira.
– Abaixo Bolsonaro e Moro e toda extrema direita, capachos do imperialismo Ianque.
– Unidade da esquerda é fundamental para colocar o povo na rua e avançar na luta.
– Lula livre.
João Bourscheid.
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