“QUANTO PIOR MELHOR”, PARA QUEM E PARA QUÊ?

Há muito que o método Social Democrata e o revolucionário evidenciam-se na luta de classes. Primeiro com Marx e Engels contra Dühring, Proudhon, Fourier, Bakunin e depois Lênin contra Bernstein, Kautsky, esquerdistas, Mencheviques, Sociais Revolucionários, etc. Provavelmente aí encontraremos outros tantos personagens e partidos intermediários. Sabemos, no entanto, que aqueles que promulgavam um conteúdo diferente aos defensores do socialismo científico, caracterizavam-se por um caminho falso na condução da libertação do proletariado ou mesmo da revolução.

Onde reside o antagonismo de um método para o outro? Em essência é a aplicação do método dialético na luta de classes. O mecanicismo e a metafísica sempre se estabeleceram nos agentes da Social Democracia, ora sob a análise econômica, ora sob análise filosófica ou política, onde acabavam turvando e conciliando a luta contra o inimigo de classe do proletariado. Ao limitar-se a não aprofundar a dialética sob as bases da luta de classes, rompiam com a revolução, sepultando-a.

A concepção revolucionária sempre trabalha com as forças em luta, ressalta a contradição como motor, mas tem sempre presente a tendência do objeto em transformação; no caso do capitalismo, o socialismo. Portanto, o momento histórico da luta, o grau e o amadurecimento das contradições e a necessidade do salto são relevantes em dado momento. Na luta política, a determinação desse momento só é digna para os dominadores dessa ciência, em profundidade. Essa é uma verdade que podemos entender no livro de Jhon Read (“Os 10 dias que abalaram o mundo”). A decisão de tomar o poder na abertura do congresso dos Sovietes, proposto por Lênin, era decisivo, sendo que ao final deste evento, como muitos queriam, talvez já tivesse passado da hora.

Na luta contra o Fascismo, a defesa da democracia é uma ferramenta de grande importância, pois amplia, faz aliados, entra nas bases do inimigo, e o fascismo corresponde à centralização do Capital em nível superior. É por isso que muitos burgueses se juntam na luta pela democracia, como um suporte na luta contra a própria classe. A defesa da democracia, aqui, vale um quinhão para eles (manter a riqueza, os lucros, o status), mas para nós eles nos servem como aliados no aprofundamento de sua divisão.

A classe burguesa “campeã em democracia”, nessas horas, escondida atrás dos 9 (nove) décimos de ditadura contra o povo, rompe o silêncio e faz da matança e da repressão o seu novo meio de ganhar a vida e de tentar manter-se eternamente. Nem é preciso Carlos Bolsonaro dizer isso, a história é a nossa principal prova.

No entanto, qual é a bandeira da democracia que o proletariado deve pegar em suas mãos nesse momento? A bandeira esfacelada da dita democracia burguesa abandonada, pisoteada e afundada pelo Capital, ou a bandeira da democracia proletária, mil vezes superior àquela? Esse é um ponto em que os revolucionários não podem perder a sensatez ante a perda da própria cabeça.

E nessas horas é que aparecem os elementos da terceira via. Os socialistas de plantão ou, no termo atual, os Sociais Democratas. Seu método visa diminuir o efeito da luta de classes uma vez colocada em aberto. Têm medo dos seus resultados. É a burguesia se apresentando como um novo sistema e com novas forças, inclusive de “esquerda”. O governo de Weimar na Alemanha (depois da primeira guerra mundial) e o Estado de Bem estar Social (pós II Guerra Mundial) foram expedientes da democracia burguesa sob uma forma de Estado burguês antissocialista. São exemplos claros e caros que o proletariado pagou na história.

E a primeira forma de minar o proletariado, nesses momentos, é abandonar o interesse de classe na democracia. E nesse sentido, o Fascismo é conceituado, mas não como um produto do Capital, do Imperialismo, da burguesia. Ele passa a ser apresentado como algo extemporâneo, sem relação com a economia, com classes, com o mínimo de sensatez, sem razão alguma. E nesse contexto que a Social Democracia avança a passos largos, desarmando os revolucionários.

A segunda medida é isolar a força proletária consciente deste processo. Contra aqueles que defendem a democracia como um valor de classe, são coagidos e pressionados a mudar seus propósitos devido a “estreiteza política”. Ora, não somos contra a frente ampla, mas a defesa da democracia só pode sobreviver ao lado do proletariado, visto que do outro, ela se transformou em fascismo. Os desgarrados, a pequena burguesia, que já não se identificam com o outro lado, por rejeição, humilhação, pauperismo burguês, sejam bem-vindos para a nova direção de classe.

E por fim, a pérola Social Democrata vem com um ataque mais rasteiro, mas também o mais certeiro, isto é, que os comunistas lutam pelo “quanto pior melhor”. A rejeição, aceitação ou explicação desta pecha incomoda profundamente os Marxistas. Parece que não sabem lidar com esse problema teórico, e ao sair de um lado, caem no outro. Incomoda muito, pois talvez temos dificuldades de nos desgarrarmos dos laços burgueses no que tange ao Estado, ou pouco seguros do caminho revolucionário.

A revolução talvez ainda não tenha realmente se tornado a maior autoridade da ação política de classe, na construção do Partido do proletariado, pois essa pecha deveria ser atirada de volta com naturalidade, isto é, para a burguesia Social Democrata e Imperialista, para ela nos dizer, se é pior ou melhor, para quem e para quê? Se a falência do sistema capitalista é pior para burguesia ou para o proletariado? Se a revolução está mais próxima sob uma crise ou longe dela?

A única preocupação que devemos ter é com a força decisiva do proletariado para esses momentos. E, se elas estão ideologicamente despreparadas, é preciso armá-las rapidamente. E o método Social Democrata situado no campo burguês das saídas pra crise, só leva ao aprofundamento dela (da crise) e ao retrocesso do proletariado. Resgatar a bandeira da democracia burguesa, esfacelada, pisoteada, deteriorada por ela mesma, e colocarmos o proletariado para carregá-la como um bastião, é uma desforra a luta revolucionária.

Às vezes, as forças para a tomada do poder ainda não são suficientes diante de determinada crise profunda do Capital, embora que a sorte aí sempre estará lançada, entre as classes velhas, atrasadas, mórbidas, Bolsonaristas, e a classe revolucionária, proletária. Mas a educação do proletariado, para a revolução, não pode ser nunca ofuscada, oculta, tergiversada, diante da crise ou do medo. A violência é a parteira da história e a pauperização das massas de forma incomum, é uma lei da Revolução, e nem todo o esforço Social Democrata poderá conter essa necessidade. No entanto, todo o caminho que visa diminuir o antagonismo de classes, só tem elevado as suas contradições e adiado o embate final, aumentando a dor do proletariado.

Se os inimigos do Socialismo Científico do passado não passaram para a história, é porque seus métodos não resistiram à dialética da luta de classes no seu tempo. A sua existência atual, sob a forma Social Democrata, como expediente do imperialismo, resiste, mais pelo fato de existir um vasto campo abandonado pela concepção revolucionária, onde se acumulam os religiosos, os humanistas, os justiceiros, os utopistas, os salvadores, os ecologistas, etc, do que por conta de suas ideias e da força de seu método mecanicista e metafísico. Mas não é bom esquecer que a contaminação ou influência Social Democrata nas forças revolucionárias é ainda colossal, visto que uma pequena indagação mecanicista e metafísica Social Democrata ainda serve para nos desarmar na luta revolucionária.

Agora, imaginamos Marx, Engels e Lênin terem sido abordados (e provavelmente foram) na edificação da dialética revolucionária, sob o protesto de seus adversários, de que eles lutam pelo “quanto pior melhor”. Certamente diriam: Estão falando de quê, para quem e para quê?

– Fora, Bolsonaro e sua extrema direita.

– Unidade contra o Fascismo.

– Lula livre.

– Em defesa da Revolução e do Socialismo.

João R. Bourscheid.

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