“Se podemos trabalhar, podemos protestar!”

A cada manifestação das “autoridades” e governos de todas as esferas, (municipais, estaduais e federal) com raras exceções, nos sentimos mais inseguros diante dos riscos que nossas vidas terão que enfrentar em nome do capital. Diante das anunciadas flexibilizações do isolamento e as indicações de que todos precisaremos retomar ao trabalho para salvar a economia, vamos ficando cada vez mais vulneráveis. Vemos que os números de contaminados e mortos pelo COVID – 19 não param de crescer, que os hospitais de vários locais já chegaram ao colapso da falta de leitos. Os que ainda não chegaram ao caos estão próximos disso, deixando claro a inevitável realidade trágica que se aproxima e que enfrentaremos.

Cresce o número de mortes, faltam caixões, cemitérios, coveiros e ainda estamos longe do pico da pandemia. Hospitais já são invadidos, morrem pessoas em casa. Em contrapartida, não faltam governos anunciando a flexibilização do isolamento social. Aberturas de shoppings, de clubes sociais, de igrejas, liberação de jogos esportivos, etc. etc. etc.. O presidente, onde vai garante aglomerações, seja participando de atos fascistas de rua, seja incentivando-os, ou indo na padaria, fazer “lanche”, na farmácia… Enfim, o isolamento social tem se mantido apenas para a luta da esquerda, ou para a garantir a ausência dela. A burguesia segue incentivando aglomerações, enquanto prega, de maneira fajuta o distanciamento social.

O genocídio que aponta o ministro da Saúde Nelson Teich ao afirmar que escolherão aqueles que serão salvos, segundo ele os mais jovens, deixa uma fresta da assustadora realidade que se aproxima, tanto no que tange à tragédia quanto à certeza de condenação a morte de proletários, como já vem ocorrendo.

Diante dessa insegurança e da dura realidade que se consolida em nosso país, minuto a minuto, não é possível manter o isolamento. Precisamos mobilizar os trabalhadores e trazê-los para a luta, buscar o proletariado nas fábricas, no comércio, em todos os setores, apontar a realidade que inevitavelmente se aproxima. Não é mais possível se esquivar dessa séria necessidade!

A crise econômica e com o colapso do sistema de saúde diante, não da pandemia, mas sim do comprometimento da maioria dos governos com o capital, já expõem, mas exporá com muito mais força os limites destes governos, deste sistema. Precisamos buscar o proletariado e mostrar que o único caminho capaz de minimizar a tragédia que se anuncia sob o comando dos governos burgueses de direita e de extrema direita é o caminho da luta. Lênin (1978) afirmou na obra “Que fazer?”que:

(…) classe operária e camadas cada vez mais variadas da sociedade fornecem, a cada ano, um número sempre maior de descontentes, desejosos de protestar, prontos a cooperar de acordo com suas forças na luta contra o absolutismo, cujo caráter intolerável ainda não foi reconhecido por todo o mundo, mas é cada vez mais vivamente sentido por uma massa cada vez maior. (p.99)

O caos está anunciado e o colapso que se aproxima gerará muito mais indignados. Assim, se os comunistas não estivermos nas ruas para convencê-los do seu papel de classe e da necessidade de se transformarem de classe em si para classe para si, o fascismo surgirá como “solução”, o que não seria a primeira vez na história.

Ficar em casa enquanto a tragédia se avizinha por quê? Qual a justificativa para isso? Evitar aglomerações? Evitar o colapso do sistema de saúde? Evitar mortes?

A atuação dos governos burgueses capachos do capital impossibilitam totalmente esses anseios. Fica claro para quem quiser ver que não é possível evitar todas as tragédias que se anunciam com o governo Bolsonaro/Mourão no comando do leme e com governos estaduais e municipais que abertamente priorizam as vidas e os interesses da burguesia. Derrubar Bolsonaro, a extrema direita e a direita dos “déspotas esclarecidos” é mais do que imprescindível e para que isso seja uma vitória completa, real, possível é necessário que seja com o povo nas ruas.

Somente nas ruas faremos a burguesia tremer. Somente nas ruas possibilitaremos a emancipação da classe operária. Engels (2007) disse no prefácio a edição Inglesa de 1888 do Manifesto Comunista que “a emancipação dos operários deve ser obra dos próprios operários”(p.29). Utópico imaginar que sairemos melhor dessa crise, dessa pandemia, ou mesmo acreditar na diminuição do efeito trágico dela, se prescindirmos da luta da classe operária nas ruas.

Se podemos trabalhar, podemos protestar! O sentimento e a lucidez que essa Palavra de Ordem carrega deve ser encabeçado por todos os progressistas, pelos movimentos sociais, pelos partidos de esquerda. Ter a ciência de que se a burguesia pode jogar o povo em meio a pandemia na hora que quiser, que achar melhor, o setor organizado do campo popular tem que se dispor a correr esse risco em nome da vida. Com todos os cuidados possíveis, com a utilização de máscaras, com o máximo de distanciamento possível, mas sem abrir mão da luta massiva da classe operária nas ruas. A realidade tem demonstrado a impossibilidade de abrir mão das ruas em um momento tão sério como esse.

Para garantir a vida, pão e terra: À Luta! Às Ruas!

Fora Bolsonaro e sua corja!

Diante da flexibilização do isolamento devemos afirmar:

Se podemos trabalhar, podemos protestar!

Referências

BOURSCHEID, João. O despotismo “esclarecido” do PSDB, DEM e Cia X a Esquerda brasileira. Tribuna Proletária, 20 de abr. de 2020. Disponível em https://tribunaproletaria.org/2020/04/20/o-despotismo-esclarecido-do-psdb-dem-e-cia-x-a-esquerda-brasileira/. Acesso em 20 de abr. de 2020.

ENGELS, Fredrich; MARX, Karl. O Manifesto do Partido Comunista. Editora Escala, São Paulo: 2007.

ULIANOV, V. I. Lênin. Que fazer? EDITORA HUCITEC, São Paulo: 1978.

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