A crise econômica, da magnitude que estamos vivenciando no mundo, desde 2008, agravada pelos pífios resultados obtidos ante a sua superação, levando ao contrário, a um aprofundamento dela, explode na presença do Covid-19 em 2020. Se não fosse o vírus, seria o “assassinato de um príncipe herdeiro”, como ocorreu no início da primeira Guerra Mundial ou a “invasão da Polônia” (que deu início a 2ª Guerra Mundial). O estouro de toda a crise, precisa de uma faísca, o salto necessário para elevar as contradições a uma nova ordem, onde os antagonismos de classe se expõe abertamente. A guerra, na economia política burguesa, é a continuidade da política por outros meios. E a burguesia, faz de tudo ante assumir o fato, que a crise e a guerra são intrínsecas ao seu sistema; pois caso o fizesse, assumiria a irracionalidade do seu modo de produção, bem como a impossibilidade da paz, da liberdade e o bem estar da humanidade.
E quando a explosão da crise se confirma, a situação se eleva a uma verdadeira pandemia política, deixando muitos políticos de “cabelo em pé” ou sem cabelo, pois os fenômenos e suas soluções já não se enquadram mais nos elementos políticos de outrora. E a explosão é maior, onde os antagonismos de classes e suas soluções, estão mais expostas e confrontadas. Não é por acaso, que, Brasil, EUA, Espanha, Itália, França, Inglaterra, Colômbia, Bolívia, Equador, Chile, Arábia Saudita, o “vírus” faz mais vítimas e leva a economia ao desastre mais rápido. Logicamente, ninguém está livre dela, pelo contrário, a todos atingirá de uma forma ou outra.
No entanto, em muitos desses países citados acima, onde o “covid19” fez e faz as mortes e o desastre econômicos subir as alturas, são também onde o Neoliberalismo e fascismo (sob o comando da extrema direita) alcançaram uma certa unidade dentro do Estado burguês. O histórico Neoliberal do nosso País, dá exatamente este contorno. Unidade dos golpistas contra o povo e a elevação do Neoliberalismo as últimas consequências, viabilizou, como uma correspondência necessária (causa/efeito), a extrema direita, defesa do Fascismo, o militarismo, ataque a esquerda e o Socialismo.
Embora estejamos cientes em teoria da dimensão da crise, na prática ainda não visualizamos. No Brasil a primeira fase da crise, vimos moradores de rua, pedintes, catadores, avolumar-se nos centros urbanos. Uma miséria visível a olho nu. Nesta segunda fase, com as contrarreformas trabalhistas e previdenciárias aprovadas, teremos além do antigo trabalhador empobrecido, um servidor do Estado sem condições básicas para seguir no nível anterior de vida, e uma juventude uberizada, sem perspectivas de constituição mínimas de um lar, e milhões de desempregados.
Essa segunda fase explodiu com a chegada da crise mundial, solavancada pela Covid-19. O que virá, é um cenário em que. grande parte das gerações vivas atuais não passou. Talvez próximas daquelas que viveram na Segunda Guerra Mundial, ou dos anos de chumbo do regime militar. Mas mesmo assim, é completamente diferente, pois a concentração de riquezas é muitas vezes maior agora e o número de trabalhadores que ficará á míngua e desempregado são também de magnitude superior. Em outras palavras a crise é mais profunda, sem sobra de dúvidas.
Administrar uma crise dessa proporção sem guerra é impossível, pora aqueles que querem manter a exploração. É por isso que durante a Covid-19, em nenhum momento, as guerras localizadas diminuíram, apenas, oportunisticamente o imperialismo tirou do noticiário mundial. No Oriente Médio, os EUA continuam a proliferar armas de extermínio, ataques à Síria, ao Irã, à Palestina, ao Iraque. Israel continua a lançar seus mísseis e a ocupar regiões do Levante. A Jordânia já entrou também em guerra civil interna, assim como a Arábia Saudita e os países do entorno. Nas Américas, as tentativas de invasão na Venezuela por parte dos EUA, do isolamento ainda mais intenso a Cuba, à Colômbia sendo quase uma verdadeira nação israelense no sentido de apoio à nação ianque fora e dentro do país, assassinando deliberadamente lideranças sociais ( já são 200 membros das FARC assassinados em plena legalidade); a Bolívia com golpe militar impondo miséria e repressão ao povo; no Chile, o povo feito refém frente ao vírus e aos desmandos de um governo pró ianque, que continua agindo nos bastidores e aniquilando organizações e lideranças.
E no Brasil, além da crise econômica, a crise política já expõe abertamente a sua luta intestinal. A extrema direita tá definitivamente em luta aberta contra a direita, não há mais como escondê-la, como no tempo do impeachment de Dilma e nas próprias eleições de 2018. O cenário de crise do Capital, solavancado pela Covid-19, estremeceu as alianças, as convicções, os projetos de exploração, intensificando a crise política entre os exploradores. Moro é o produto mais autêntico deste episódio, assim como a farsa do isolamento Social versus salvação da economia, expondo governos contra empresários, comerciantes. A crise abre feridas em todos os cantos, e é preciso achar culpados.
Por isso, a esquerda precisa ficar unida, marchar junto, unir o povo e isolar os dois segmentos da exploração, direita e extrema direita, neutralizando o primeiro e aniquilando o segundo. Por isso, o “Fora, Bolsonaro” é essencial neste momento, sem, contudo, inventar saídas individuais, particulares, induzidas pela burguesia, tais como a promiscuidade eleitoral, que sem uma consciência clara ao momento vivido, leva os lutadores a projetos idealistas eleitoreiros, isolados e sem potencial de massa. Em todos os segmentos e campos de luta cabe-nos o esforço proletário para dividir o lado de lá e tomarmos todas as medidas para que a esquerda unida unifique o povo. Só assim, haveremos de conduzir o Brasil, para um novo desfecho histórico, não aqueles sempre esperados pela burguesia brasileira e o imperialismo ianque, mas um outro, popular, proletário, que por muitas vezes também é desacreditado pela própria esquerda.
Se podemos trabalhar, podemos protestar.
Fora o Governo Bolsonaro – Mourão
Faça um comentário