Somos todos Fora Bolsonaro

A burguesia desarmada frente à pandemia, mas consciente da crise e medo do povo, hora ataca um governo burguês aqui e outro acolá, defendendo A contra B, com base na pandemia. A ideia é demonstrar que ante um componente (pandemia) tão adverso à sociedade, todos devem se voltar ao vírus e deixar de lado a luta política. O sucesso de tal campanha é extremamente eficaz, pois ofusca a luta de classes nesse momento, ela faz aparecer como a luta do bem contra o mal.

Existe uma longa experiência nas classes exploradoras na arte de enganar o povo, e na atual (a burguesia) não é diferente. A paz dos cemitérios é a melhor política para a burguesia poder dominar. O porquê de Trump e Bolsonaro não conseguirem tais perspectivas? Porque eles vão em linha reta na política, pois a parte que eles unem são extremistas de direita. Seus apoiadores exigem uma determinada postura e enfrentamento aberto contra os defensores de direitos sociais, a esquerda e os socialistas. Governos Sociais Democratas são mais eficazes nessas horas? Talvez; ou governos tão fascistas quanto eles (Trump e Bolsonaro), como os republicanos ianques ou os déspotas esclarecidos de direita de todos os cantos? Parece que sim.

Ao mesmo tempo que a burguesia contesta governos como Trump e Bolsonaro, também os saúdam, caso contrário não seriam eleitos. Mas, a burguesia não pode ter sempre os melhores governos, e mesmo que os tivesse, ela própria é insuficiente para impedir o seu próprio fim. Não cabe a ela essa decisão, e sim até onde o proletariado deixar ela existir, em outras palavras, até onde tornar-se classe para si. Nem por isso a burguesia deixa de interferir em cada momento, mostrando para o proletariado que ela é eterna. Por isso, última coisa que se quer polemizar em uma crise alavancada por uma pandemia, é a politização, colocando a nu a o que é a sociedade capitalista, seus interesses aberto apenas ao lucro e não a vida do povo.

A solidariedade economicista e a paz dos cemitérios rendem muito mais do que se imagina. Por isso que fazem planos mínimos para “atender” minimamente os atingidos pela crise e a pandemia, sem deixar, contudo, a burguesia monopolista auferir lucros violentos com a centralização, roubo, baixos salários, miséria do povo. Segundo dados, os ricos ficaram ainda mais ricos com a pandemia, alguns bilhões de dólares a mais em suas fortunas. Além disso, não há contestação logicamente, nos meios de comunicação burgueses, no apoio aos fascistas das políticas de Trump e Bolsonaro, em relação aos golpistas na Bolívia, fascistas da Colômbia e do Chile etc., no financiamento ao cerco à Venezuela, a Cuba e ao Irã, as promoções de guerra na Síria, no Iraque, na Palestina, pois a burguesia como um todo, sabe que nessas horas a única política de saída é a guerra ao proletariado. Portanto, a burguesia estaria também desarmada se não tivessem governos desse tipo, isto é, fascistas, nazistas, anticomunistas. Em essência, governos que ela mesma constrói em determinados momentos históricos. No entanto, a solidariedade economicista, de salvação nacional frente à pandemia, é a mais eficiente, pois desarma o proletariado, ajuda a conter as massas. Os EUA já fizeram isso na grande crise de 1929. Solidariedade econômica para conter o proletariado, migalhas ajudam na despolitização.

Para nós, o que importa dentro da crise é impulsionar a luta política com a politização das massas. Pois nessas horas, como vimos acima, a burguesia, além de não estar unida, tem dificuldade de saber qual o caminho optar para a manutenção da exploração; qual o melhor governo e qual as medidas a serem tomadas a cada momento. Por isso, qualquer estilhaço na janela, inesperadamente, aprofunda a sua luta interna. A unidade buscada pela burguesia, em cima da extrema direita com Bolsonaro à frente, tendo na época PSDB e DEM, está hoje bastante comprometida. Ao mesmo tempo, aqueles que passaram para a oposição sabem que para assegurar sua continuidade depende da unidade de grande parte da burguesia. Não pode romper simplesmente sem ganhar apoio também dos setores da extrema direita, pois esses garantem também sua parcela de apoio burguês e popular. Porém nessas épocas de crise crônica, se esses passos não forem bem construídos pela burguesia, só conseguirão uma determinada unidade, momentaneamente, “por alguns dias”. No império Romano, durante o período de crise conhecido como Anarquia Militar, mais de dez imperadores foram assassinados em menos de dez anos. A crise e o proletariado, hoje, são os grandes vilões da burguesia, e a pandemia atua nos bastidores.

Mas para construir essa unidade burguesa, é passo a passo, dia a dia na luta política. Tão importante para a burguesia brasileira, a sua unidade (como aquela ocorrida dia 21 de maio, quinta-feira, contra os servidores do Estado, congelando os salários por dois anos) é não possibilitar a unidade do proletariado na luta contra o neoliberalismo hoje já vestido de fascismo. Para tanto a despolitização é o melhor caminho, “todos contra o vírus”.

Não é tão simples para a burguesia se desfazer do Bolsonaro, como fez na época do “Fora, Collor”. O momento é totalmente diferente, a crise internacional é mil vezes mais profunda. O projeto Neoliberal, naquela época, dava seus primeiros passos no Brasil, e poderia avançar com a alternativa clássica democrática burguesa, como realmente avançou. Hoje, essa alternativa, do aprofundamento do Neoliberalismo, só é possível com golpes, com negação do Estado de direitos (as contra reformas trabalhistas e previdenciária são a mais dura realidade), com o fascismo. Se naquela época “Collorida” (Collor de Melo), os golpistas e militares já estavam na caserna, hoje os que ainda não estão no planalto mandam cartas e correspondências de lá (caserna) de apoio ao Bolsonarismo.

Por isso, a unidade da esquerda para unir o povo e a luta pelo “Fora, Bolsonaro”, são os estilhaços na redoma da burguesia, que já se encontra trincada por conta da crise do Capital, levando a um desacerto em relação a qual governo será melhor para anestesiar o povo, enganá-lo e seguir na exploração durante e depois da pandemia. Isso que está em jogo. Portanto, qualquer solidariedade que não seja a luta política, pelo “Fora, Bolsonaro” em todas as frentes de luta e em todas as condições, nos panelaços, nas manifestações de rua, nas eleições, etc., será uma solidariedade economicista, burguesa, contra o próprio povo. E sem dúvida, o fator decisivo contra essas pretensões da burguesia brasileira e do imperialismo, é a unidade da esquerda e o aprofundamento da luta pelo “Fora, Bolsonaro”. Esses dois fatores determinarão na maior parte a abrangência e radicalização da luta proletária contra o Fascismo e o Bolsonarismo, bem como as perspectivas futuras.

A realidade e a possibilidade são uma categoria da dialética. Na natureza, elas são inconscientes. Na sociedade humana, a consciência de classe atua como elemento determinante em sua constatação e na luta para abrir caminho à necessidade objetiva, isto é, no passo decisivo na direção do novo, do proletário, do Socialismo. Por isso, solidariedade consciente ou proletária, é unir o povo no Fora Bolsonaro.

Fora Bolsonaro e Mourão!

Abaixo o Fascismo!

Pela criação de comitês antifascistas tipo ALN.

Se podemos trabalhar podemos protestar.

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