A democracia tem um valor de classe e portanto, histórico ou vice versa. Não há diferença entre os dois elementos, desde que o materialismo histórico seja aplicado devidamente sobre a luta de classes.
Dizem que é no detalhe que mora o perigo, ou pelo contrário, da subestimação do todo pela parte. Por exemplo, sob o crescimento da extrema direta, as lutas, para manter as liberdades de organização proletária, tornam-se superiores em contraposição a um outro momento em que a burguesia faz da sua democracia clássica a condição política essencial para explorar o proletário. São dois momentos distintos, ambos sob o domínio da burguesia. Ao concretizar a democracia da burguesia como indiferente nos momentos históricos da luta de classes no capitalismo, é provável que se dê armas para o inimigo, pois, passa-se a ignorar as bases da própria transição desta “democracia”, na conquista de aliados e lutadores (além de neutralizar certos setores liberais}. Da mesma forma que, alienar-se da tarefa principal que essa luta tem de buscar a ruptura com essa ditadura burguesa, corre-se não no mesmo risco anterior, mas um pior, da liquidação do próprio movimento transformador.
Sob o golpe de 2016 e o domínio desse golpe no momento atual pela extrema direita bolsonarista, com a milicada incrustada em todos os poros do Governo Federal, a luta democrática se apresenta de forma diferente do que na época de Dilma e de Lula, bem como da época de FHC e até de Collor de Melo. Nem por isso essa democracia burguesa geral deixou de ser fruto de uma única base, isto é, a ditadura da burguesia. Como diz Lênin, existem mil e um tipos de Estados diferentes nos quais a burguesia se organiza, porém todos os tipos são com base na ditadura burguesa. A falta dessa compreensão resultou na subestimação do golpe que ora vivemos, da incapacidade de notar que a democracia burguesa pela qual se deleitava a esquerda, tinha hora e época para o seu fim. O evolucionismo Social Democrata nada mais é do que a forma liquidacionista da luta pelo Socialismo.
Qual dos erros pode ser mais capital na luta de classes? Não ver o momento ou não ver o todo? Os dois. Um exemplo: O Fora Bolsonaro faz parte da luta de resistência ao domínio no País, do governo de extrema direita aliado ao fascismo internacional imperialista. Dizer que essa luta (Fora Bosonaro) não pode significar as diversas necessidades que a luta contra a burguesia e a extrema direita representam, e, portanto, a ignorá-la, está coberto de reacionarismo. O materialismo histórico precisa reagir pra ser dialético e, portanto, só será revolucionário fazendo que o objetivo final seja pavimentado pela ação concreta. Aqueles que nos seguem na luta presente, sem saber, no ajudam na tarefa geral; sem contudo ter consciência revolucionária. Esse ó o pressuposto da tática frente a estratégia, ambos estão ligados. Portanto, quem não sabe lutar corretamente no momento dado, não tem compreensão do geral, não age de acordo com o materialismo histórico. Este caminho leva também ao liquidacionismo, mas por apatia, ausência de ação, intelectualismo, inanição.
Dito assim, parece ser compreensível que a derrota iminente da extrema direita e do bolsonarismo, e o restabelecimento da democracia anterior, antes do golpe, também ditatorial, mas sob determinado ângulo, permitidas as liberdades de organização são bem melhores. Se pensarmos assim, não nos diferenciamos em nada de um liberal, com o espírito democrático burguês, diante da luta de classes aberta e sob a crise do Capital. Se for essa a nossa tarefa histórica, com certeza estamos no caminho errado, pois o que melhor estamos a fazer é defendendo com unhas e dentes a ditadura “democrática” da burguesia. E nesse sentido é compreensível entender porque os sociais-democratas são mais eficientes que a própria burguesia nessa defesa, pois os “novos” adeptos acreditam muito mais no pântano que aqueles que já colocaram em descoberto as suas verdadeiras faces ditatoriais.
Portanto, a nossa relação com a Democracia é de natureza proletária, de classe. Isso significa que a única democracia que nos move é a proletária, e aí as possibilidades históricas reagem com a realidade, fator determinante na luta de classes. Por isso a luta contra a extrema direita, direita, contra a própria esquerda social-democrata, será sempre uma luta pontual, momentânea, com base não apenas nos interesses imediatos, mas também com base na defesa do movimento futuro. Então por que “cargas d’água” lutaremos contra os bolsomínios, os fascistas, a extrema direita, com o intuito apenas de estabelecer no futuro o domínio da antiga ditadura burguesa? A liberal democracia clássica burguesa?
A realidade jamais será compreendida se dela não tiver em vista a sua necessidade mais premente, isto é, a possibilidades de transformação. A crise revela a sua manifestação intrínseca de mudança. Não ver desse modo é ter uma análise metafísica da realidade, com movimento no máximo tradicional, reacionário, circular, de ida e de volta. Sempre de costas ou de lado para o futuro, em síntese, nunca de frente.
Alguns dirão: “Também gostaríamos de ir em busca da transformação, mas não temos força para isso”. E perguntamos: “Por que não temos força para isso?” E aqui só tem uma resposta: Não se tem um movimento comprometido para a instauração da democracia proletária ainda na esquerda brasileira, só movimento de manutenção da democracia burguesa, liberal, ideal, universal, maravilhosa. Em outras palavras, aquela que não existe, a não ser para a própria burguesia. Além disso, confrontamos que nunca é tarde para começar, basta abandonarmos a herança tradicional social-democrata, que ainda contagia como vírus, a luta no movimento Social proletário com ar de avançado.
Fora Bolsonaro e sua Corja!
Abaixo o Fascismo! Fora EUA da América Latina!
Pela construção dos comitês da ALN.
Se podemos trabalhar podemos protestar.
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