A vacina no Brasil chama-se: Fora Bolsonaro.

Passados quatro anos do golpe no Brasil, poucos são aqueles que ainda se recordam e muitos são aqueles que juram de pés juntos que as eleições para presidente (a qual elegeu Bolsonaro) e aquelas que se sucederam (eleições municipais) são a prova de que o golpe é coisa do passado. Seguir o eterno caminho “natural” dos partidos legalizados, no qual votar ou ser votado é determinante para definir se uma sociedade é ou não democrática, bem como se nela existe liberdade de expressões, são as concepções mais vulgares e rebaixadas que viralizam no meio de quase todos os matizes políticos. Além disso, o fato de poder pensar já em 2022, isto é, em novas eleições, é a demonstração mais autêntica de que a política golpista já caiu em desgraça e desuso no Brasil, e se não estamos ainda ocupando cargos de governadores e prefeitos das capitais do país, é porque colocamos equivocadamente as peças do tabuleiro, de não ter feito articulações amplas para sair vitoriosos. Mas para 2022 a coisa será diferente.

No golpe de 2016, articulado e dirigido pelo imperialismo ianque (tal qual em 1964), a esquerda demostrou sua vocação para ser golpeada, pelo simples fato de não crer ou desconhecer completamente a vocação dos golpistas (tanto interno como externo), que diante da menor crise estrutural, utilizam-se desse ingrediente (golpe) como princípio político, para desmantelar a força da oposição, liquidando e desmontando com a reação das forças internas proletárias do país, e simultaneamente, instalando um regime fascista, tal qual em momentos anteriores, 1937, 1964 e agora em 2016. O uso deste instrumento sob o domínio do Capital Financeiro monopolista internacional não é privilégio apenas do nosso país, mas corresponde a todos os países no mundo que logram um caminho soberano e popular, que não corresponde aos planos estratégicos do mundo idealizado pelo Imperialismo.

Mas, a pergunta que fica, é: porque tanta ilusão? O que faz certas organizações de esquerda não ver o óbvio, ser empurradas para “admiráveis” conclusões como aquelas no primeiro parágrafo e outras tais como em 2013, 14, 15 de que não existiam possibilidades de golpe ou como aquelas que quando o golpe já tinha se efetivado “de que jamais pensávamos que isso voltaria acontecer”. Não tem outra explicação, a não ser de que a compreensão por parte da esquerda sobre a luta de classe é Social Democrata de cima a baixo e está extremamente arraigada naqueles que lutam no campo de esquerda. Uma concepção igual aquela que Marx fez uso ao Proudhon, dizendo que o “mesmo sabe que o galo canta, mas não sabe onde”. A esquerda sabe como qualquer indivíduo no capitalismo que existem ricos e pobres, luxo de um lado e miséria aos extremos de outro, gente farta e contente e gente a quem falta tudo, até as suas necessidades mínimas de sobrevivência, enquanto o mudo as produz em demasia. No entanto, quando a esquerda é provocada quanto a decisão política a ser tomada para que tal estado de coisa seja transformado, não consegue ir mais do que um liberal legalista, para quem a corrupção é o pior problema, as reformas são necessidades prementes, cobranças de impostos das grandes fortunas, o desenvolvimentismo, mais emprego, renda, salários sempre em elevação e poder de compra para superar a crise, divisão dos lucros, etc. são as saídas.

Por fim, o economicismo é a demonstração mais autêntica de que a esquerda luta na luta de classe de forma espontânea, tal como Proudhon e seus seguidores. Tal como Kautsky, Bernstein, os mencheviques na Rússia, etc., no melhoramento do sistema burguês. Por mais que essa luta possa parecer humanista, pois critica as mazelas do Capital do ponto de vista político e de classe, logram e desviam o proletariado de sua verdadeira luta, jogando literalmente o povo nas mãos da burguesia, desorganizando a classe para os embates decisivos. E essa é a pior corrupção que existe, pois é política, a qual se evidencia claramente nos momentos do golpe, como crentes na Bíblia “sagrada”, da legalidade democrática burguesa.

E ao se completar quatro anos de golpe, quer se pular um período de dois anos de muita luta que estão por vir, que irá balizar o futuro dessa luta. Quer se dar uma resposta em 2022, sem saber muito bem que resposta é essa, e para a esquerda isso é fundamental. Pois a resposta que a extrema direita e a direita querem dar é da manutenção das políticas antipovo, neoliberais sem, no entanto, perder o controle sobre a massa já absolutamente empobrecida. Em outras palavras, farão de tudo para manter-se no comando do golpe. Juntos ou separados, divididos ou de mãos dadas, ambos buscam de imediato a aproximação com o “novo” presidente eleito do país que comandou o golpe. No entanto, o maior vitorioso será aquele que ganhar a atenção do grande “irmão” do Norte, e aquele que se encaixar melhor nos seus projetos futuros para a América Latina, e sabemos que o Brasil é decisivo sempre nessa região, seja qual for o contexto, e no atual momento é muito mais. Além disso, um projeto golpista para se manter precisa unificar os de cima e impedir que os debaixo unem-se e comprometem o projeto fascista.

É por isso que, dado esse contexto e as projeções feitas pelos de cima, o melhor cenário que temos que oferecer para os inimigos de classe é a surpresa. Povo na rua, esquerda unida, um projeto soberano, antifascista, fora Bolsonaro, abaixo o golpe, pode ser uma amarga surpresa para os poderosos e aqueles que não conseguem pensar nada além do institucional, também uma alternativa de luta. Quando criticamos a esquerda, não é no sentido de diminuí-la diante da luta, é pelo contrário, de demonstrar que, ao lado do proletariado, pode dar passos decisivos na transformação da realidade. E nesse momento que vemos a história prenha em dar saltos históricos, abraçar os lacaios, filhotes do imperialismo, é ver o movimento sob o aspecto evolutivo, metafísico, como um velho reacionário, sem fé na luta, sem fé em si, sem fé no povo.

E a maior surpresa para os golpistas é mostrar para eles que estamos atentos, que em 2022 não está inserido apenas uma eleição para presidente no Brasil, está em disputa a situação do proletariado de toda a América do Sul, e não apenas para 2022, mas para os próximos dez anos de luta. Sem o acerto da esquerda para 2022, sem uma ação contundente nas ruas pelo Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, por um programa de luta pela Soberania, contra o golpe e o Fascismo, sem essa resistência, vamos permanecer nas cordas, esperando o aprofundamento do golpe, com a caricatura de democrático.

A vacina que esperamos para 2021, além da Anticovid-19, é a entrada firme no ano, unidos e decididos, para pôr fim ao golpe, ao governo fascista de Bolsonaro, Mourão e seus lacaios, de modo que possamos sair das cordas e reagir. Essa é a única luta que divide o inimigo poderoso de cima, e a pouco a Bolívia deu-nos um belo exemplo, onde durante o golpe e mesmo sob a pandemia, saiu as ruas para enfrentar os golpistas.

Por isso a vacina no Brasil, que protege da covid19 e que reage ao golpe, ao fascismo e ao aniquilamento de nossa soberania, chama-se FORA BOLSONARO.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja.

Abaixo o golpe no Brasil e o crescente Fascismo imposto pelos EUA na América Latina.

Que a unidade de esquerda contra o bolsonarismo e o Fascismo seja a marca da luta nas ruas em 2021.

Pela imediata construção de um programa Soberano e a construção dos comitês da ALN.

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