“Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram”, escreveu Marx em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. Esse processo dialético de constantes rupturas e permanências do passado no presente é o terreno sobre o qual a luta de classes se desenvolve, é o terreno onde estamos colocados. Por mais poderoso que seja o pensamento, por mais correta que seja a política, uma ideia não é nada se as massas não se apoderarem dela, a política não é nada se não se transformar em práxis.
E, desde o dia 29 maio, houve uma mudança nas circunstâncias históricas da luta política brasileira, fruto de um esforço pregresso de todas as forças que convocaram o povo a lutar. A organização por parte das esquerdas e o caráter dos atos políticos foram claros, o “Fora Bolsonaro” se fez presente, a pauta do auxílio emergencial e da vacinação também. Aqueles que se colocam na vanguarda do proletariado devem dirigir, mas também devem incorporar os anseios das massas, fora isso, é blanquismo, ou, pior, o isolacionismo. E a luta se fará no dia 19 de junho.
Nosso dever é impulsionar a luta pelo Fora Bolsonaro, pois é uma ideia que além aglutinar as forças de esquerda também foi apoderada por parte das massas trabalhadoras brasileiras. Fazer a roda da história girar é o nosso dever fundamental. Pois as palavras de ordem, por si só, não movem a história, o motor da história é a luta de classes e, nesse terreno, não há espaços vazios. Devemos, pela própria prática política, dar o conteúdo e o norte da luta e das manifestações, manter a organização, ampliar a mobilização e fazer a luta avançar mudando as circunstâncias históricas. Enquanto a situação não muda, não podemos temer o futuro, nem se dissociar ou desacreditar do proletariado.
Uma famosa citação de Marx se refere à filosofia da História de Hegel, que diz que os grandes personagens e os grandes fatos são encenados duas vezes, uma como tragédia e outra como farsa. A primeira encenação é uma obra que, por vezes, surge de improviso no presente, é fruto de contradições pregressas, a síntese de um processo único e irrepetível. A segunda, é muito mais perigosa, pois a farsa é muito mais criteriosa, ela arma, por assim dizer, a tragédia. Uma sabotagem. Além disso, o que Marx nos diz é que a história não se repete.
Aqueles, cujo o grande propósito é a encenação das farsas, começam já seus ardis para pintar de verde e amarelo o movimento nascente. Colorar com as insígnias do fascismo tupiniquim um movimento vermelho universal de nascença. É um exemplo claro dos processos que ocorrem e que se articulam, um reflexo direto do impacto das manifestações do dia 29 de maio. Eis a nossa circunstância histórica. Ou agimos com a orientação de mudar a correlação de forças entre as classes, empurrando todos os setores vacilantes da social-democracia para a esquerda, ou haverá a capitulação generalizada perante a burguesia. E o movimento estará a reboque da burguesia e da armadilha do cretinismo parlamentar e eleitoral como em 2020.
Não escolhemos tal situação. Ela está dada. Somente a luta concreta na situação concreta pode mudá-la. E para tanto é necessário alianças táticas, como a necessidade da formação de uma Frente de Esquerda que incorpore os diferentes matizes dos setores populares, que tenha a capacidade de ser a expressão eleitoral dessa aglutinação de forças. Cabendo a nós, a luta pela elevação da consciência das massas, pela manutenção da mobilização popular e pela imposição de um Programa de Defesa do Povo Brasileiro.
O futuro se constrói aqui e agora, com as armas que temos, com o povo trabalhador ao nosso lado e todos aqueles que se levantam contra fascismo neoliberal em nosso país. Pois, “não é do passado, mas unicamente do futuro que a revolução social (…) pode colher a sua poesia”. Avante, Camaradas! Às ruas no dia 19 de junho!
Fora Bolsonaro, Mourão e sua Corja.
Abaixo o Fascismo.
Unidade dos revolucionários.
João Armas
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