Cinco anos de golpe e as concepções das esquerdas.

Dia 31 de agosto deste ano, completaram-se 5 anos do golpe na então presidenta Dilma e em todo o povo brasileiro, diga-se de passagem. Nesta ocasião (do aniversário de 5 anos do Golpe), foi apresentado um livro, onde se depurou em fatos todo os passos metodologicamente dados pela burguesia brasileira aliada aos serviços do imperialismo americano. O livro serve para demonstrar não só o passo a passo do golpe, mas pra demonstrar que, além de estar unida para atacar o povo brasileiro, nada pode se esperar de uma burguesia que simplesmente não tem nada de Nacional, que é entreguista até a medula.

Mas, o que foi surpreendente nesse lançamento foi a fala de Lula. Ele simplesmente demonstrou em toda a sua fala a noção exata do porquê do golpe. Em pouco mais de 20 minutos talvez, retratou com maestria, sob a concepção de classe, o porquê do Golpe.

Primeiro, indignando-se com o livro, no qual faltava um capítulo essencial, isto é, de como o monopólio das informações em nosso país, como a Globo, Band, Record, CNN (internacional), tiveram participação direta no golpe. Fez essa crítica de forma a demonstrar como politicamente ainda somos absorvidos pela dita “liberdade” de imprensa. Contestá-lo (esse monopólio) é tão difícil, inclusive para as organizações de esquerda, que parecemos (segundo o próprio exemplo de Lula) como açoitados ao tronco, e ficamos felizes por não levar 50 chicotadas, mas apenas 49. A submissão da esquerda a esses grupos antipovo é algo difícil de compreender, a não ser pelo factício da democracia como valor universal.

Sobre o golpe, Lula também foi extraordinário. Dizia ele: Nós fomos longe demais Dilma, nós queríamos que o pobre pudesse comer (três) vezes ao dia, que ele pudesse estudar em uma Universidade, que ele pudesse viajar, ter emprego, ter férias, décimo terceiro, escola infantil para ter onde deixar seus filhos, escolas de qualidade para ensino fundamental e básico, uma moradia descente, etc. Aí os relatos são em quantidades. No entanto, foi na política internacional que ele demonstrou toda a armação do golpe, e que muitos petistas e de esquerda pouco conseguem compreender. O golpe, dizia ele a Dilma, existiu porque nós não deixamos a ALCA florescer em nosso país, e, contra ela, Brasil e Argentina relançaram o Mercosul; organizamos a Celac (Comunidades de Estados Latino-americanos e do Caribe), que unia todos os países latino-americanos, inclusive Cuba, e excluía os EUA e o Canadá. Juntamo-nos a China, Rússia, Índia e África do Sul na construção dos BRICS, e, inclusive na construção de um novo banco de desenvolvimento que não trabalhava com o dólar, moeda americana. Isso demonstra a clara consciência de que a Soberania é decisiva para o nosso povo e por outro que as dificuldades são imensas para dar um passo adiante sem sofrer revés. Pois além de enfrentar todo o poderio econômico e bélico dos EUA, trata-se de enfrentar toda uma burguesia interna vendida até a medula para os EUA. Por isso que, quando os EUA viram que a esquerda começara a alçar voos com uma autonomia, mesmo que relativa, pronto, o golpe se fez presente.

Do ponto de vista da soberania, explica-se basicamente muita coisa. No entanto, ainda pesa sobre a esquerda no governo central, não ter detectado o golpe. Também é preciso compreender, que ao detectar, como agir. As instituições burguesas só proporcionam a consciência econômica, não vão além disso e, portanto, possibilitam no máximo uma consciência economicista, imediata. É por isso, que fica muito fácil de tirar do governo um partido, uma liderança nacional eleita, como se tira um doce de uma criança. Não há a menor reação, por parte da Sociedade. O economicismo é uma praga.

Por isso se quisermos lutar pela Soberania, teremos que lutar contra o Fascismo logicamente. O imperialismo de forma alguma aceita a autodeterminação dos povos. Por isso, devemos contar com alianças internacionais, além de escolher o momento certo para isso, também precisamos mudar a nossa concepção de mundo e propriamente de luta política. Não é possível continuar uma luta sob o referencial economicista. Não estou falando das medidas que serão tomadas do ponto de vista econômico, mas da força política que vai além disso, da unidade da esquerda com o proletariado. Sem a esquerda ter uma aliança de classe, de comitês antifascista e de libertação nacional, nada poderemos fazer, a não ser derrotar eleitoralmente, em certos momentos, candidato A ou B, e fazer algumas tímidas mudanças econômicas.

Na luta contra o golpe, pelo Fora Bolsonaro, vai ficando claro a pequenez que é a luta da esquerda pela soberania e contra o Fascismo. A baixa mobilização da luta de rua no último dia 7 de setembro é visível. Nota-se com isso que a esquerda está mais crente do que nunca nas instituições da burguesia, na sua ação, para travar o Bolsonaro. E é aí que mora o perigo. Até o PSDB agora quer o impeachment, é porque a nossa luta foi um sucesso? Lógico que não.

Sempre dissemos que a luta pelo Fora Bolsonaro teria que vir das ruas, do povo, pois longe dele, o golpe segue, com Bolsonaro ou sem ele.

Quando falamos que o Fascismo novamente ronda o mundo, é por conta de que a crise imperialista reascendeu o espectro do comunismo. Mas a crise, em época de imperialismo, tende a dois movimentos, do Fascismo ou do Comunismo. Não é pra menos que as duas palavras mais usadas pelas classes antagônicas, são o Fascismo, Neofascismo, Protofascismo, etc., e Socialismo e Comunismo pelo outro. A esquerda serra punho na luta contra o Fascismo, e a direita e a extrema direita na luta contra o Socialismo, o Comunismo.

O mais incrível nisso tudo é que a burguesia monopolista nega qualquer relação com o Fascismo, bem como a própria esquerda tenta ocultar a luta pelo Socialismo, como objetivo principal de sua luta. Aí vai a nossa crítica sobre o evento de lançamento do golpe. No fundo dizia: Um outro mundo é possível; um outro Brasil é necessário. Que outro mundo é possível, que outro Brasil é necessário se não o Socialismo? Há 150 anos essa teoria já foi esboçada e

confirmada na prática. Caso continuamos negando o Socialismo, fazendo-nos de bobos sobre outras possibilidades, também não estamos abrindo as portas para todo o tipo de terceira via, que nega o caminho científico da luta de classes?

Em outras palavras, será que a própria esquerda, em sua negação filosófica, econômica e política daquilo que é mais avançado não ajuda a criar todo o tipo de variante do Fascismo? Tal como em nosso meio, o Bolsonarismo? As palavras de Rosa de Luxemburgo continuam vitais para nossa luta neste momento: “ou o Socialismo, ou a Barbárie.

Só o povo nas ruas derrota o golpe.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja.

Abaixo o Fascismo.

Em defesa da Revolução e do Socialismo.

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