Pôr a carroça na frente dos bois

Este antigo adágio popular de pôr a carroça na frente dos bois pode traduzir muito bem um afobamento e uma inversão das prioridades, podendo queimar etapas e por fim levar “a montanha parir um rato”. Foi Lula quem disse que tem 23 candidatos a vice que já se colocaram à disposição.  Sem pressa, Lula tem dito que essa decisão só será efetivada mais claramente em meados de março e abril. Porém, a tarefa que urge pela frente é a definição de um programa Soberano para o Brasil, que é a necessidade número um, além de levá-lo à compreensão das grandes massas, sindicalistas, universidades, a juventude de todo o país.

Sim, por que derrotar o golpe que aí está, que teve a unidade de todos os setores da burguesia brasileira, juntamente com o imperialismo, e retomar o caminho progressista e de esquerda no momento atual significa que o Estado brasileiro terá que romper com toda a situação de pilhagem do golpe, de tirada dos direitos dos trabalhadores, das privatizações e da entrega das Estatais e dos recursos naturais e financeiros (hoje o Banco Central é “autônomo”). A verdade é que a burguesia brasileira e o imperialismo se prepararam mais do que nunca com uma camisa de força para evitar qualquer “anomalia” que pudesse surgir na trajetória. E nesse sentido, além de todos os ataques à economia, na superestrutura tenta-se de todas as formas transformar o presidencialismo em semiparlamentarismo, para que o eleito pelas massas seja apenas uma figura decorativa.

É por isso que também a burguesia não larga mão de apoiar o Bolsonaro, embora aponta também para Moro, Dória, Pacheco, Simone Tebet, etc. Nota-se perfeitamente entre os candidatos a dificuldade de ligação com as massas, coisa que só a esquerda e a estrema direita são capazes. Por isso, para a turma do golpe, abandonar Bolsonaro seria um erro muito grande, é por isso que o genocídio foi tirado da pauta da CPI (que teve motivação única para evitar as mobilizações de rua), bem como o impeachment. Não é o Aras ou o Lira que impedem isso, é a burguesia brasileira toda, sob o comando do imperialismo.

Se o imperialismo deu orientação ao STF para liberar Lula de todas as denúncias mentirosas da Lava Jato, aquietar o exército, a mídia golpista, etc. é porque não viam sinal algum de perigo em perder o controle. Hoje, as coisas já não são mais as mesmas. Lula tornou-se um candidato, imbatível nas grandes massas da população empobrecida. Bolsonaro, Mouro e Dória têm rejeição de 65% do eleitorado brasileiro, isso é dor de cabeça para os golpistas. E tudo que a burguesia financeira e monopolista não queria era conviver nesse momento com um novo problema na América Latina, isto é, ter Lula na presidência do Brasil.

Mas, as cartas na manga da burguesia, dentro da sua institucionalidade, não têm limites. Agora Alkmin é o nome certo para eles ocuparem a vice na chapa de Lula. Primeiro, para espantar a esquerda; segundo, dar uma degustação melhor para a direita; terceiro, colocar um golpista dentro do governo. Assim, como ficar preso às questões simplesmente eleitorais sem discutir um plano Soberano para o Brasil, sem ir para as ruas denunciar o golpe, defender o Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, tudo isso é colocar a carroça na frente dos bois, ou em outras palavras, acreditar que por via da institucionalidade é possível mudar o Brasil. Não há limites para eles abusar dos elementos institucionais.

A tarefa de criar comitês por todo o Brasil, que discutam um plano de Soberania Nacional, desperta no povo que é possível transformar o Brasil num país para o nosso povo, está na ordem do dia. Criar os blocos vermelhos, como estâncias de discussões nas ruas, entre os partidos de esquerda, com o povo nos bairros, vilas, setores rurais, jovens, mulheres, é tarefa número um. A burguesia lança a toda hora mil expedientes para mudar o caminho da luta. Às vezes, quando ela não o faz, é feita pela própria dita esquerda, que vê na institucionalidade a única forma de sobrevivência da democracia, pois acredita, tal qual como o imperialismo, que a democracia só existe no capitalismo.

Já, em 2019, surgia na minha região, entre a esquerda, a seguinte discussão: “se tivéssemos que em 2022 votar em Bolsonaro e Eduardo Leite para presidente, em quem votaríamos? Olha só o tamanho embuste. Obra para paralisar a luta e começar desde o início a apoiar o PSDB. A institucionalidade dessa gente, dita da esquerda, tal como a burguesia, não tem parâmetro. E agora, a nova mania da esquerda, já é discutir Alkmim e tal Federação. E assim, a mobilização de rua pelo Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja, a luta contra o golpe e a apresentação de um programa Soberano para o Brasil passam a ficar em último plano.

Mais uma vez temos que dizer: “A esquerda tem medo de ser esquerda, porque veio para uma festa a convite da burguesia e romper com ela (a burguesia) parece não ser um caminho ético. Mas sabemos que o trabalho pesado fica por conta dos revolucionários. Por isso que pregamos essa unidade e criamos na prática o bloco vermelho. Em todos os partidos de esquerda têm militantes a serviço da luta, e é por isso que conclamamos a todos a cerrar fileiras na construção deles e fortalecendo essa unidade com o povo brasileiro.

Fora Bolsonaro, Mourão e sua corja.

Abaixo o Fascismo.

Em defesa da unidade de esquerda e Lula a presidente.

Pela criação dos Blocos Vermelhos em todo a país.

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