Um programa digno de desenvolvimento político/Social, para o nosso povo nesta época histórica, não poderia começar de outra maneira sem colocar em evidência a questão da soberania. Ela é antes de qualquer outra coisa o componente histórico subtraído do nosso povo desde o século XV quando os colonizadores aqui pisaram até hoje, no auge do imperialismo. E as classes que representam a burocracia estatal do nosso país, também historicamente, são dependentes das decisões políticas externas. Portanto, é sob a soberania que estão assentadas as lutas essenciais para a superação das mazelas principais e das injustiças históricas sofridas por nós. Tergiversar, reduzir ou colocar outras prioridades que apenas escamoteiam ou desviam dessa luta é defender o caminho da eterna submissão, da continuidade.
Pão, terra e direitos trabalhistas, embora sejam os elementos mais sentidos pelo povo, são as forças ocultas que um governo de esquerda deve ter como prioridade no ajuste de contas, isto é, as forças responsáveis institucionalmente para manter afogado o ideal soberano. Um país com tamanha riqueza natural, que produz 5 ou 6 vezes mais alimentos que o seu povo consome, que tem uma dimensão territorial que de forma alguma deveria sentir a falta de terra tanto pra morar como para executar uma reforma agrária, significa que o problema é exclusivo de ordem política. Assim como sempre se constatou que o problema do nordeste não é a seca e sim a cerca, ou seja, o problema não é de São Pedro e outros santos, mas sim nas forças reacionárias que impedem o acesso as riquezas naturais e do trabalho.
E o golpe de 2016 demonstrou mais uma vez que as forças ocultas, quando não conseguem manter o status de domínio absoluto penetram e abraçam certos governos democráticos, progressistas e de esquerda, até exaurirem as suas forças junto ao povo, e daí criam uma ofensiva devastadora sobre aquelas forças que lhe deram guarida. As forças inimigas do povo, agem diametralmente diferente que as forças populares (democráticas, progressistas e de esquerda), essas em momentos de avanço por contarem com a força e aval do povo, apenas se limitam a ações economicistas, onde o Estado atua para minimizar a aberração da miséria e o acesso mínimo não existente. As forças nocivas e inimigas, não sofrem sequer problemas de ordem econômica, quiçá de ordem política.
Os governos de extrema direita, tal como estamos vendo agora em nosso país, são produtos de golpes, “aparecem” para por fim a uma aproximação do povo com a esquerda. Vimos isso acontecer na época do início dos anos 60 e agora no golpe de 2016. O que é significativo nesses momentos é a polarização da esquerda versus o fascismo, a extrema direita. É importante porque quem estiver mais ciente do seu papel de classe nesses momentos, pode fazer a grande diferença histórica. Essas lutas são parte da história da luta de classes, de avanços ou retrocessos. Quem a ignorá-las ou tratá-las fora da luta política, da luta pelo poder, com certeza perderá a batalha. E o principal meio de ganhar essa batalha, é justamente não perder a consciência de classe, elevar a classe revolucionária em seu papel nessa luta.
Nessas horas, a esquerda muitas vezes se embaralha, com medo do enfrentamento de um projeto popular Soberano e tende a colocar panos mornos e rebaixar o conteúdo político da polarização. Aqui em vez de colocar em evidência o antagonismo, procura diluir essa atmosfera de enfrentamento. A palavra de ordem em dizer que a violência é tudo que os fascistas querem é verdadeira, mas nem por isso, devemos abandonar a crítica das armas, da qual Marx se refere. A violência é tão reacionária quanto revolucionária, dependendo da classe que a manusear. Fugir da violência dos fascistas, deixando para eles o manuseio dessa força, estaremos a ajudar a manter a escravidão de classe; só isso.
O Fascismo institucional de qual falamos, está centrado no imperialismo ianque. Por isso lutar pela Soberania é uma tarefa de classe, do povo, da esquerda, dos revolucionários. Por mais que a burguesia brasileira muitas vezes vê a possibilidade de um caminho independente da servidão ianque para aumentar os lucros de seus negócios (aproximação com a Rússia e a China), sua convicção é de ser eternamente sócia menor da burguesia monopolista e fascista dos EUA (da Otan). Sem que a esquerda se una e une o povo nessa tarefa, não há perspectivas de que essa luta prospere no campo que tem que prosperar, isto é, político. Cada vez mais o imperialismo apodrece, ao mesmo tempo que se torna mais violento, mais fascista, aumentando as desgraças do povo. Não há caminho fora dessa luta, desse enfrentamento.
Nesse momento, dar um passo a frente na luta contra o fascismo, sem excluir campo algum de luta, isto é, desde o voto até a crítica das armas, é uma avanço significativo na luta pela Soberania, bem como na consciência de classe do nosso povo. A única coisa que a esquerda junto com o proletariado não deve fazer, é lutar contra o fascismo interno e se afogar ou esquecer do fascismo internacional imperialista. O contrário também é verdadeiro, sem liquidar as forças ocultas internas, que exercem o controle político ideológico do Estado contra o proletariado e suas direções, tal como, o poder moderador (forças armadas), o 4º poder midiático e o poder judiciário, sequer daremos um passo firme na perspectiva de acabar com a exploração política da fome (dita insegurança alimentar),da terra, do desemprego, dos direitos trabalhista, da saúde, da educação, da habitação, do desenvolvimento, no domínio popular de nossas riquezas naturais e produzidas.
A polarização política entre a esquerda e o fascismo, reflete o grau de contradição que as relações de produção atingiram em nosso país, bem como no mundo. Elas não vão simplesmente desaparecer caso um lado e outro ganharem a eleição. Essas contradições só tendem a crescer e exigir soluções. Para nós, a solução dessa luta é o Socialismo, não há terceira via literalmente. A terceira via é todos aqueles que não querem enxergar esse caminho, e para desviar desse objetivo, digam que são pela democracia, contra a violência (que eles mesmo criaram), contra o golpe (que eles deram), pela Salvação Nacional (deles), pela civilidade (para manter aquietado o proletariado), pela defesa das instituições (que elevam e mantém a fome e a miséria), pelo desenvolvimentismo (economicista), etc.
Por isso que na perspectiva Social Democrata, cabe todo o tipo de oportunista, pois reitera a Frente ampla e a Democracia como valor universal. A nosso unidade é luta dos contrários, e por isso a nossa luta contra o fascismo é:
Fora Bolsonaro, Mourão e toda sua corja.
Por um projeto político em defesa da soberania popular.
Lula Presidente.
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