Os “Tchutchuca” e o Golpe

O mesmo medo que cerca a esquerda brasileira institucional, também está presente no bolsonarismo. Dissemos diuturnamente que Bolsonaro é pipoqueiro, fanfarrão, grita quando está longe, “chuchuca” quando está perto, etc. Essa ideologia é produto da política que os mesmos defendem, posição esta que está submissa ao Estado monopolista do Norte, dos EUA. A burguesia brasileira tem sua força na coluna do imperialismo externamente e internamente das forças que representam o Norte, as Forças Armadas.

Quando os EUA se aquietam, deixando as coisas “acontecerem”, o exército e os fascistas de plantão, bem como as massas que lhe dão guarida, atuam decididamente como baratas tontas, isto é, não sabem o que fazer a não ser consultar ou depender dos seus superiores imediatos. Quando não há uma decisão de cima, as tentativas de manterem-se coesos na luta ante a dispersão, vivem de mentiras, de esperanças, da intervenção por conta da providência.

Como não há uma decisão independente para a execução de determinado procedimento da luta política, vivem na perspectiva e dependência de outros atores, enfraquecendo com isso a ideologia. Se os autores do processo histórico não se reconhecem como tal, é lógico que seres mitológicos ocupam o lugar daqueles que são as únicas forças objetivas. E para agir e transformar, se vestem e se revestem de forças transcendentais, que só influenciam psicologicamente. A força, a ação, o caminho, longe de serem divindades mitológicas as que atuam, pelo contrário, elas não têm “peso” algum.

Os bolsonaristas dependem do Bozo, o Bozo depende das Forças Armadas, as Forças Armadas dependem em parte da burguesia brasileira e do império, o qual é a força política que realiza a ideologia dos demais. Se o Norte deixa a coisa acontecer para depois tomar medidas, os demais gritam, pulam, contam bravatas, criam fake news de toda a ordem, riem de si mesmos, choram, etc., por fim sua ideologia se enfraquece por não possuir força nem decisão política.

Falamos do bolsonarismo, mas a esquerda não é diferente, embora a defesa dos interesses sociais lhe aproxima muito mais da realidade objetiva. No entanto, “viajam” quando se referem à efetivação prática das políticas defendidas, por quê? Por não levar até as últimas consequências o protagonismo do povo. O exemplo do segundo turno das eleições presidenciais são extremamente educativas. A extrema direita, ao se aproximar da vitória eleitoral, colocou, além de Lula, grande parte da esquerda a fundir-se com o povo, bem como radicalizar o discurso.  Aliados, inclusive, queixavam-se, da massa vermelha que tomava conta das ruas e do discurso muito mais avançado do que no primeiro turno. O povo resistiu na continuidade do apoio ao Lula e à esquerda, já os empresários de toda a ordem jogaram-se de vez na defesa do Bozo.

Portanto, a ideologia só tem força efetiva na política. O ímpeto “radical” que chama atenção nos bolsonaristas não passa de um “fogo de palha”, por quanto não são bancados pelas forças políticas reacionárias, isto é, o imperialismo, o exército e a burguesia brasileira. Subestimá-las sem dúvida alguma é depor as armas, coisa que os donos do poder real de intervenção querem. Quanto mais a esquerda se distanciar do povo e se pautar por uma normalidade institucional, mais as forças golpistas ganharão espaço. Estar atento e unido ao povo com perspectivas avançadas de defesa de seus interesses e da soberania popular, menos espaço se dá para os imprevistos.

A rua sempre foi o local de ação da esquerda junto ao povo. E este que é o momento mais importante da luta eleitoral, o terceiro turno, dar atenção mínima à mobilização popular e máxima aos conchavos e encaminhamentos institucionais de transição de governo é um grande erro político, pois se afasta e não organiza aqueles que têm a força da efetivação dos ideais proletários, bem como, ficamos reféns das instâncias burguesas.

Parte do povo bolsonarista acreditou na ideologia contra a esquerda, o comunismo. É essa ideia a única que se aprofundou dentro do seu cérebro, a ideia de “liberdade”, mesmo que sob a prisão do capital. Por isso, além de ser bancado por empresários, essa ideia funde-se com os objetivos do fascismo do Norte em luta contra tudo que é avançado e principalmente contra o socialismo.

E em um tempo em que dias valem por décadas, qualquer subestimação, mesmo em relação aos “tchutchuca” do golpe e ao não combate aos conciliadores e evolucionistas de todas as marcas, é retrocesso na certa,  Por isso, não subestimamos os “chuchucas” de plantão e muito menos aqueles que tenham o real poder de golpear e intervir, pois há sempre uma dialética entre ambos, inclusive com aqueles que preservam acima de tudo e de todos o ideal democrático burguês.

Fora Bolsonaro e suas corjas.

Abaixo o fascismo.

Povo na rua contra o golpe e o fascismo.

Pela posse de Lula e de um governo comprometido com a Soberania Popular.

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