A questão do nacionalismo tem estado na pauta da luta de classes brasileira e internacional nos últimos tempos. Com o crescimento do movimento fascista em níveis mundiais é cada vez mais comum vermos manifestações de cunho nacionalistas e efusivamente ufanistas. Há um incentivo ao sentimento nacionalista. Sabemos que a mobilização deste sentimento não é inédita, muito pelo contrário. Entendemos que é importante “destrinchar” essa mitologia, a fim de contribuir para a elevação da consciência proletária e para que o proletariado não caia nesta ilusão torpe que é a ideia do nacionalismo.
Marx, encerra o Manifesto do Partido Comunista conclamando a unidade dos proletários de todo o mundo. O Marxismo-leninismo, por meio da ciência do Materialismo Histórico, nos mostrou que o capitalismo ligou todos os continentes do planeta, encurtando distâncias, mundializando a cultura, oportunizados por avanços como os dos meios de transportes e dos meios de comunicações.
Esta mundialização proporcionada pelo sistema capitalista gerou uma certa uniformidade de condições da classe explorada nos diferentes lugares do mundo. Isso ocorre porque o modo de produção capitalista estabeleceu-se em todo o globo, tendo como exceção hoje os países que já realizaram a sua revolução proletária e que sustentam a manutenção do socialismo. Ainda assim, até mesmo esses países sofrem em seus territórios e em suas estruturas sociais interferências políticas, econômicas e sociais do modo de produção capitalista.
Por isso, a situação do proletariado do mundo inteiro é e sempre será a mesma dentro do modo de produção capitalista, seja ele do Brasil, dos Estados Unidos, da Finlândia, da Noruega, etc.: a força de trabalho desta classe sempre será a pedra angular que possibilita a produção de capital, afinal de contas é por meio do roubo de uma parte significativa dessa força de trabalho, o trabalho não pago, chamado de mais-valia, que se concretiza o capital.
“Bom, mas a realidade do proletariado norueguês hoje é muito melhor que a realidade do proletariado brasileiro” poderão dizer alguns e até com certa razão. Mas isso não muda o fato de que o proletariado norueguês segue sendo roubado, explorado. “Mas então é possível ser roubado e explorado em uma melhor condição e é isso que o Brasil precisa buscar!” poderão concluir outros. Porém, basta nos debruçarmos sobre a questão com um pouco mais de empenho para percebermos que para a condição econômica do proletariado norueguês ser melhor que a do brasileiro é preciso que a Noruega exporte miséria, garantindo que proletários de outros países, como o brasileiro, sejam mais fortemente explorados, consolidando a maior extração de mais-valia desses povos e que uma boa parcela dessa mais-valia seja apropriada pela Noruega (país aqui em nosso exemplo). Assim, a Noruega terá uma condição econômica melhor, podendo até garantir altos Índices de Desenvolvimento Humano para si, mas, ao mesmo tempo, gera abismos sociais gravíssimos em diversos outros países, regados a fome, ausência de acesso a saúde, educação, segurança, etc. etc. etc., ou seja, a riqueza dos países capitalistas é edificada sempre sobre a degradação humana, quer se queira ou não.
Mas, saiamos do exemplo e retomemos ao foco da nossa reflexão: o fato é que todos os proletários do mundo capitalista estão subjugados à exploração, mais ou menos intensa e estão a mercê não de suas necessidades, mas as da classe que nada produz, a burguesia. Se esta última enfrentar uma crise de seu sistema esta crise será jogada para cima do proletariado, seja no país que for.
Porém, mesmo diante das verdades acima citadas, que constituem partes importantes do sistema capitalista, as ideias nacionalistas ganham força no mundo todo escamoteando a essência do capitalismo para que o proletariado não tenha uma elevação da consciência. Pois isso seria fatal para a burguesia, já que com o proletariado consciente disto, seria muito difícil para a ela, senão impossível, evitar as revoluções.
Assim os capitalistas recorrem ao nacionalismo, exaltando a ideia de que aqueles que nasceram dentro desta ou daquela fronteira constituem um povo mais valoroso que os outros. É como se um povo de determinada nação nada tivesse em comum com povos de outras nações.
Com a crise mundial do sistema capitalista, as pressões sociais por melhores condições de vida tendem a ser mais presentes e, portanto, para a burguesia é urgente em momentos como esse, tirar a atenção e o foco daquilo que realmente importa: a luta contra o verdadeiro problema que é o sistema da burguesia, o capitalismo.
A burguesia age tal qual um mágico faz com sua plateia: tenta consolidar a ideia ilusionista de que o problema não é de classes e sim de desrespeito ao país e aos valores morais como a família e Deus (e é por aqui que se tem que lutar e combater, segundo ela). A estratégia burguesa é a seguinte: aqueles que se propõem a dirigir a atenção do povo para o foco real do problema devem ser desacreditados, criminalizados e até constituídos como inimigos do povo. E por quê? Porque estes são os inimigos da burguesia, são uma ameaça, não ao povo, mas a situação de submissão deste. Se o povo resolve compreendê-los será o fim da burguesia e do capitalismo e “Deus nos livre disso”. Assim pensa e age a burguesia.
Com a crise estrutural e, portanto, mundial do sistema capitalista, aumenta a necessidade dos capitalistas pela concentração de renda e pelo monopólio do capital. E para evitar uma maior proletarização da burguesia deste ou daquele país, é preciso aumentar o roubo do trabalho não pago. Entre outras maneiras, uma das estratégias mais utilizadas pela burguesia é o ataque aos direitos do proletariado com reformas que têm como objetivo diminuir o investimento estatal em direitos proletários. A diminuição de pagamentos salariais, de períodos de licenças, de férias, de seguro-desemprego de aposentadorias, são exemplos disso. Além do mais, uma diminuição de investimentos em direitos fundamentais como saúde, segurança e educação também contribuem com o interesse burguês.
Logo, em momentos de crises do capital, atacar as condições do povo é indispensável para a burguesia. Quanto maior for a jornada de trabalho e menor for o pagamento de salário, maior será a mais-valia extraída. Obviamente é muito mais fácil impor a miséria ao povo se este estiver desarmado, fora de combate, desorganizado, “inconsciente”. O fascismo viabiliza isso para a burguesia, pois de forma ofensiva e violenta ataca toda e qualquer organização que se propõe a mobilizar o povo pra defender seus interesses e se proponha a elevar sua consciência. Por isso, em momentos de crise aguda do capitalismo, como esse que estamos vivendo agora, é comum ver a ascensão da ideologia e da luta fascista.
E, nessa situação de necessidade burguesa de ofensiva fascista, o sentimento nacionalista cumpre papel de destaque, pois, como já dito, tira o foco do crescimento da carestia enfrentada pelo povo, consolidando a ideia de que os inimigos da nação são aqueles que seriam contra a família e contra Deus. É como no caso do Brasil, que com Jair Bolsonaro e sua corja, mesmo entregando as riquezas do país para o capital financeiro internacional e atacando duramente a soberania nacional, assumiu um discurso nacionalista… Vestindo o verde amarelo das camisetas da Seleção Brasileira, Bolsonaro e seus comparsas incentivaram a utilização dos símbolos nacionais e acabaram por convencer uma gama popular de que ele seria um representante dos interesses nacionalistas.
Também não é novidade que o fascismo se utiliza da tática da propagação de mentiras como se fossem verdades (as chamadas fakenews em uma linguagem mais contemporânea). Já é de conhecimento da maioria a frase de Joseph Goebles: “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”. Sabemos que isso também é mentira, mas é importante resgatar essa frase para que percebamos que as táticas fascistas seguem a mesma lógica sempre e a mentira é uma arma constante nelas.
Bolsonaro bate continência descaradamente para a bandeira do imperialismo. Entregou e segue entregando nossas riquezas para o capital financeiro internacional. Sacrifica o povo brasileiro em nome dos interesses do imperialismo. Bolsonaro nunca foi e segue não sendo um nacionalista. Na verdade, Jair Bolsonaro e seus asseclas são lesas-pátrias, atuam diretamente contra a soberania nacional, a mando dos interesses da burguesia imperialista. Servem de capacho ao imperialismo e arrastam o povo brasileiro junto consigo.
É de extremo interesse burguês e antiproletário que o povo siga a doutrina desse nacionalismo fajuto e mentiroso. O que a burguesia teme de fato é que o povo entenda que sua condição não é nacional, que ela em verdade é uma condição de classe mundial. Pois, se o proletariado entender isso, não só passará a torcer pela emancipação proletária de outras nações, como também se dedicará a sua. Numa lógica solidária de que estamos no “mesmo barco”, passará a incentivar, fortalecer, proporcionar os movimentos revolucionários no mundo todo.
Sendo assim, derrotar o fascismo e a mitologia do nacionalismo é algo indispensável para a vitória proletária. No entanto, isso não significa de forma alguma negar a importância da luta pela soberania, até porque, esta luta não é algo vazio. Defender a autodeterminação dos povos frente aos ditames imperialistas é pressuposto para unir o proletariado local e internacional, já que essa luta em si assume um caráter real de luta revolucionária. Os fascistas como Bolsonaro e seus lacaios pró EUA, se utilizam deste ímpeto de necessidade pela soberania de nosso povo e país, para aumentar ainda mais a submissão e a entrega das nossas riquezas (petróleo, água, minérios, Amazônia e o território em geral), além de desmantelar o nosso setor tecnológico e científico para aumentar a dependência estrangeira.
O nacionalismo progressista do século XV a XVIII passou a história, mas sob a época do imperialismo ele ganha a dimensão de luta por uma nova ordem social, o Socialismo.
Portanto, combatemos a mitologia do nacionalismo sob a lógica do imperialismo e de seus capachos. E, para isso, resgatamos aqui a convocação genial de Marx, não de forma protocolar com uma frase de efeito e sim porque avançamos de forma decidida na construção da unidade dos revolucionários, abandonando preconceitos e rusgas que tanto atrasaram a luta do proletariado brasileiro e mundial. Portanto, com a certeza de que caminhamos a passos largos para um inédito movimento revolucionário em nosso país e, dessa forma, no mundo, conclamamos:
“Proletários de todos os países, uni-vos!”
Fora Bolsonaro e sua corja!
Abaixo ao fascismo e à mitologia do nacionalismo!
Pela verdadeira luta por soberania!
Por um governo Lula verdadeiramente progressista!
Unidade dos revolucionários já!
A classe proletária é internacional!
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