Brasil: o elo fraco da cadeia imperialista

O papel do Brasil no mundo é diametralmente diferente quando está sob as forças da extrema direita ou quando está sob as forças da esquerda. Num sentido podemos ver um país sendo comparsa das forças reacionárias e fascistas, de defesa intransigente do imperialismo, da submissão dos povos aos intentos neoliberais, do esmagamento da soberania dos povos; no outro sentido, com governos mais à esquerda, o Brasil recupera o ímpeto de defesa da autodeterminação dos povos. Esse ímpeto é quase uma postura instintiva, tal como uma defesa de si próprio, visto que no Brasil, as forças imperialistas que aqui atuam imprimem um controle sistemático de não permitir que o Brasil internamente caminhe em um sentido diferente daquele imposto pelo país do norte. Essa é a maior prova de que o Brasil é um elo fraco da cadeia imperialista. Cabe lembrar aqui as palavras enfáticas de Che Guevara, que dizia: “Por onde corre o Brasil, corre toda a América Latina.”

É por isso que o assédio ao Brasil, principalmente pelo imperialismo que promove a doutrina Monroe, acompanha cada movimento interno dos governos de esquerda, com o cordão do golpe sempre bem esticado, onde, com um puxar, faz cair a arapuca. Assim foi em 1964, assim foi em 2016. E se sabemos desse potencial político brasileiro, o outro lado também sabe muito bem. É por conta disso que a CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e a BusinessEurope (Confederação dos Negócios Europeus) deram apoio no dia 12/06/2023 aos acordos Mercosul e UE. Longe das definições apenas econômicas (elevação nos preços das energias e gargalo nos suprimentos em geral), a pauta, sem dúvida alguma, tem a ver em primeira mão com as questões referentes ao relacionamento entre o Brasil e o Bloco Europeu em relação aos desafios globais, isto é, aos atritos geopolíticos da atualidade.

Esse movimento ou esforço por parte do imperialismo em ter o Brasil como ponta de apoio na luta geopolítica em governos de esquerda não é oculta, é aberta. Porém usa métodos diferenciados para atingir seus propósitos; elogia a capacidade de liderança, abre linhas de crédito e mercados, organiza eventos internacionais colocando o Brasil no centro, discute futuros investimentos, etc., por fim, com o objetivo de ter ao seu lado, neutralizando as possíveis declarações anti-imperialistas, como fez Lula ao se referir à guerra entre Ucrânia e Rússia, que a Europa e os Estados Unidos eram responsáveis pelo impasse dos confrontos. As palavras da presidente da Comissão Europeia de que “o Brasil voltou a ser ator internacional com Lula”, demonstra exatamente isso, um elogio para desarmar e obter apoio às questões econômicas e estrategicamente às questões geopolíticas.

Sabemos que as questões econômicas para a burguesia são essenciais, elas respondem também ao político (quando tudo vai bem, a ditadura do capital está assegurada), diferentemente do proletariado, onde as questões políticas definem a luta e são independentes das econômicas. As tentativas dos EUA, da Inglaterra, do Japão e agora da UE em “investir” ou no fundo Amazônico ou em acordos de investimentos no país tem além de ganhos econômicos para ambas, a burguesia externa e interna, o atrelamento político. Nesses acordos, quem sempre perde é o povo, porquanto não há um projeto político proletário por parte das esquerdas.

Um projeto político soberano popular para o país é determinante para o Brasil potencializar a força do nosso povo nas perspectivas de mudança de rumo e levar consigo toda a América Latina. É por isso que todas as vezes que cresce o apoio do povo à esquerda, o imperialismo todo se arriça. Lula aos poucos tem retomado esse caminho da defesa dos povos da América do Sul, da defesa da Venezuela, da Nicarágua e de Cuba, por fim, de todos os países dominados e regidos pela doutrina fascista “democrata” ou “republicana”.

Assim, a esquerda e o Lula têm um projeto político externo e um projeto econômico interno. Externamente somos em defesa do povos e contra o imperialismo; internamente somos em defesa do imperialismo, somos pela continuidade do projeto das oligarquias brasileiras, do monopólio das mídias golpistas, de uma justiça capacho das perspectivas do capital financeiro e mantenedor da tutela militar como poder moderador. Por essa razão, qualquer campanha econômica é uma luta que passa pelo burocratismo de todas essa forças citadas, e quando vencidas minimamente, dada as contradições nelas existentes e pela força da ação das massas, não dura muito para um novo golpe a ser decretado.

Por essa razão, que sem um Projeto Político Soberano e Popular para o Brasil, discutido pelas esquerdas e unificados com o povo, não se vai além das conquistas e manutenção de algumas liberdades políticas, de fazer apenas os embates subjetivos, sejam eles abertos e francos ou secundários e conciliadores com os exploradores. A liberdade política é essencial para a luta contra o capital e não ser ela própria a luta final. Após a eleição de Lula que derrotou o genocida, não diminuímos a importância dessa luta, porém, quando já se está falando em “consolidação da democracia”, “lutar para a democracia plena”, o que está se pensando é na continuidade do projeto econômico da burguesia brasileira aliada ao imperialismo.  O povo, nesse encaminhamento, é colocado de forma secundária nas pautas e nas lutas que lhe interessam, ao mesmo tempo que é forçado para defender o institucional, o estado de coisas que sempre existiu, de defesa e ao mesmo tempo de submissão à dita democracia universal, que nada mais é que a democracia burguesa.

Nossa tarefa é nos juntar a todos os lutadores de esquerda, os revolucionários e a vanguarda proletária atual, para que se construa minimamente um projeto político para Brasil, que se garanta mudança nas forças políticas internas, que dominam as rédeas à submissão imperialista, que são responsáveis por manter afogadas ou sufocadas as perspectivas da soberania, da independência política. Nessa parcela ousamos combater aqueles que só veem um projeto econômico para o povo.

Porém, em relação ao projeto político externo, promovido por Lula, em defesa da autonomia dos povos, que une a América Latina, que viabiliza um caminho diferente do imperialismo, defenderemos com todas as nossas forças essa grande iniciativa tática, que foi outrora no governo e agora segue. E é sobre esses parâmetros que se manifesta ainda mais o Elo fraco da cadeia imperialista que faz a gritaria toda dos reacionários e entreguistas do País, porém, sem uma estratégia interna que corresponde a essa tática externa (autodeterminação dos povos), o que é avançado por um lado é reacionário por outro. É por isso que o Elo mais fraco da cadeia, sempre fica a meia boca.

Abaixo o fascismo imperialista.

Em defesa de um Projeto Político Popular para o Brasil.

Pela unidade dos povos latino-americanos no rumo da revolução e do socialismo.

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