Lênin, ao estudar profundamente o Marxismo, conclui que a política é a expressão da economia concentrada. Portanto, seguindo essa concepção, vemos que a política tornou-se o carro chefe dentro da sociedade brasileira. Os generais dizem que Bolsonaro trouxe a política de volta aos quartéis. Nas famílias, não há um único relato que não expõe a divisão dessas sobre posições antagônicas a respeito dos acontecimentos conjunturais em nosso País. A própria religião e suas manifestações, sejam quais as suas tendências, em seus cultos estão tomadas pela política. Até da “cega” justiça de Moro ao STF já tiraram as vendas, e se lançam abertamente para a tomada aberta de posições de classe. Portanto a velha cantilena de que ‘não gosto de política” foi para os ares.
Seguindo a expressão Marxista-Leninista, a política está revolvendo, em nosso país, os últimos esconderijos dos “neutros”, por conta da economia brasileira estar em uma trajetória decisiva: ou avança no rumo de um novo projeto Nacional, ou retoma a velha tendência dos seus quase 400 anos de intervenção, voltando a tornar-se colônia. A burguesia brasileira sempre deu corda ao segundo intento, mesmo querendo, uma ou outra vez, alçar voos mais altos; mas com medo de ficar sem combustível político, baixava a cabeça, apoiava a intervenção, e dizia que a culpa era da esquerda e do povo. Assim foi, sempre resumidamente a sua história, isto é, vacilante, medrosa, fiel aos intentos a uma economia subordinada, submissa, sub-imperialista, desindustrializada, patrocinadora de commodities, etc.
Esse legado de submissão da burguesia brasileira não é singular ao Brasil aqui na América, e sim uma tendência comum que se manifesta em quase todos os países do Continente Americano, que idealizam os EUA como um império vocacionado para dirigir as demandas políticas e econômicas de cada país. Por isso, não são capazes, por exemplo, de levantar a voz frente à intervenção na Venezuela por parte dos Ianques. Tal é a covardia e a submissão, que nem mesmo Michelle Bachellet, que teve o pai assassinado pela intervenção americana, poupa um país, que sofre a mesma desgraça que o Chile passou, nas tentativas de ousar um caminho diferente daquele propagado pelo todo poderoso país do Norte.
Se não é possível entender o Golpe pela conjuntura interna do nosso país, parte da esquerda brasileira deveria fazer um esforço de prestar atenção nos movimentos externos de ação do Imperialismo Fascista Ianque, principalmente em relação à Venezuela. Mas se quiserem ir além, tem a Líbia, a Síria. Mas há também as rendições como o Egito, a Argentina, o Equador, o Chile e o Brasil, que, como vemos, vão “muito bem, obrigado”. Cuba e Nicarágua seguem como a Venezuela, exceções, por resistirem ao golpe e intervenções.
Aqui no nosso País, aceitou-se o golpe. E na cabeça das Oligarquias e mais alguns, logicamente, não foi golpe. Na cabeça de outros, a conjuntura atual não está mais vinculada à conjuntura golpista. Isso é passado. Os resultados da Reforma da previdência, a quebra do setor Educacional, da Saúde, do congelamento por 20 anos em investimentos, etc., são condições pós-golpes, pois podemos discutir abertamente e até votar pelo whats, se aceitamos ou não essas condições.
Na Venezuela, vemos um país cercado literalmente, econômico e militar, pelo império fascista Ianque. E por quê? Porque não se rendeu ao golpe. Aqui no Brasil, o golpe aconteceu, e não tem mais o cerco econômico e nem militar, pois as grandes riquezas estatais foram entregues aos monopólios estrangeiros. Também não tem cerco militar, pois já se doou a base de Alcântara, os militares assumiram o governo Federal, Moro e a Lava jato com o controle político Jurídico dos rumos intervencionistas, e nós estamos filiados à OTAN, isto é, passamos para o lado dos golpistas. Nesse sentido (imperial e burguês) o golpe acabou, mas a luta contra o golpe não.
O parlamento e suas brincadeiras de “bom” e “mau” gosto, por mais boa vontade que tenha a esquerda, é para inglês ver. As discussões, votações, fazem parte do show. Sem elevar a consciência do povo de que é preciso derrotar o golpe e a extrema direita no poder, nada mudará. Cada derrota que o povo tiver, ou alguma “vitória” momentânea, continuará sendo derrota, pois não politizando as massas, toda a luta de classes será, um jogo economicista, a serviço da rendição.
Se a esquerda não assumir a luta contra o Golpe e o Fascismo Imperialista, os quais se manifestam decisivamente na luta de classe no Brasil, continuará correndo atrás do rabo. Em outras palavras, se coloca na cauda do movimento. A própria luta por liberdade de Lula, essencial para demonstração da existência de golpe, perde a sua significação, quando se limita à institucionalidade. Aí reduz o alcance da luta, pois ela própria faz parte da elevação da consciência da existência do golpe. Pressionar os 3 (três) mosqueteiros (Gilmar, Celso e Lewandowski) para votar a favor da liberdade de Lula faz parte, porém, passar a crer que os mesmos não estão vinculados à conjuntura golpista, aí é trapaça, ou melhor, oportunismo.
E para finalizar, voltamos a Michelle Bachellet e seus ataques à Venezuela. Isso talvez ajude a dimensionar três coisas:
Primeiro, que esse exemplo faz com que fiquemos atentos ao oportunismo de nossa época histórica, pois ela (Bachellet), que tem vínculo político, de esquerda, já foi presidente de um país subordinado ao imperialismo Ianque e deve ter conhecido muito de perto o jogo das oligarquias em impedir o mínimo ao povo; passa para o lado do inimigo, sem pudor algum, abertamente, vendidamente. Uma manifestação pró imperialista (para o lado dos Fascistas) e contra a autodeterminação dos povos.
Segundo, todo oportunismo aparece quando se ignora a existência da Lei da luta de classes, pois é aí que se reforça a luta do bem contra o mal, do certo e do errado. Em outras palavras, a defesa da ignorância contra a ciência, da conciliação contra a luta, do economicismo contra a política. E é assim o papel daqueles que querem consertar o mundo, e não transformá-lo. O conserto só tem um viés, o do Capital. É por isso, que tendo a oportunidade de atacar os Fascistas de nossa época, cede a eles, e ataca os inimigos do holocausto por não se render ao terceiro Reich do Norte.
E terceiro, conclui-se: O que estamos vivendo não é brincadeirinha de parlamento, eleições, de ganhos e perdas; é uma luta de dimensão histórica. Já dizia Lênin: A necessidade de Reformas, são o prelúdio da Revolução. E não pense, a burguesia brasileira, que gritar apenas contra a ofensiva dos monopólios estrangeiros na era do golpe vai salvá-los da quebradeira e da submissão em maior grau. É preciso entender que o golpe, ou intervenção ianque, veio pra ficar, e se não tiver uma ação contundente das massas na rua, a colonização será mantida.
A burguesia brasileira, terá que decidir, como Bachellet, se tem mais medo do povo ou do império. O tempo de conciliar, seus interesses com o império, são desanimadores, devido a conjuntura de crise. E a esquerda, também terá que decidir, se quer um povo politizado e na rua contra o golpe e a extrema direita, ou mantê-lo em cárcere privado, para fins apenas eleitorais e institucionais.
Quando a política passa a ser o carro chefe das discussões sociais, grandes confrontos de classes se anunciam.
– Abaixo Bolsonaro e sua extrema direita.
– Abaixo o Golpe e o Fascismo.
– Fora EUA da Venezuela.
– Lula Livre.
João Bourscheid.
Mais uma boa analise de conjuntura. Nos falta a acao. Hoje. So estarmos nas ruas nao e o bastante. Precisamos de um movimento permanente onde as pessoas atuem produzindo um efeito.