Na eleição de 2002, quando a burguesia brasileira já havia quase esgotado (como se isso fosse possível) todos os seus candidatos à presidência da República, bem como todos os planos pra enganar o povo, já tinha demonstrado que não eram mais do que farsas e quando um candidato vindo da esquerda e do povo estava prestes a ganhar a eleição presidencial, a burguesia tirou da manga a tal palavra de ordem, de que acreditava na esperança, mas o medo era o tormento. A rede Globo, como representante da burguesia brasileira e imperialista, colocou em cena Regina Duarte para então fazer a campanha do medo contra a esquerda. Hoje, por ironia da dialética, a própria Regina Duarte é o próprio semblante da não esperança dela e daquilo que defende (bolsonarismo).
Nas eleições em Portugal, que teve na semana passada a vitória surpreendente na reeleição do Partido Socialista, agora sem coligação com as demais forças da esquerda (PCP e BE), que o acompanhavam desde a vitória eleitoral de 2015, a esperança e o medo foram temas desta análise. Segundo o professor português Boaventura Souza, o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE) tiveram uma inexpressiva votação, pelo fato de não perceber o caminho que o eleitor de mais idade e outros buscavam diante das eleições portuguesas. Segundo ele, houve um desequilíbrio pró-medo ante a esperança.
A esperança e o medo não pertencem às categorias de análise da dialética, e, portanto, jamais são elementos confiáveis, pois estão relacionados ao sentimento humano (e às classes), o qual pode alterar-se em questões de horas ou dias. Um acontecimento inesperado, por exemplo, como o ataque às Torres Gêmeas, se bem trabalhada pela burguesia imperialista, pode-se começar uma guerra em qualquer lugar que queira, tendo apoio da população interna e grande parte da externa que antes não estava apoiando um evento desta magnitude. No entanto, se as direção da classe antagônica (proletário) estiver preparada, poderá fazer uma campanha inversa, minando as perspectivas do inimigo imperialista. Portanto, para o materialismo dialético, o que vem primeiro sempre é a luta de classes, a necessidade de transformação, da negação do modo de produção existente e por tanto estar permanentemente atento a qualquer manobra e ação do inimigo. A ciência proletária é um componente vivo da teoria revolucionária.
Quando dissemos que a esquerda brasileira tem medo de ser esquerda, é justamente para demonstrar que ela deixa de ser marxista/leninista (científica) em sua análise, e surfa na onda da metafísica, do liberalismo democrático, do mundo apenas do voto, do parlamento, do institucional. A esquerda, quando não trabalha com a transformação social, não pode ir mais do que o próprio pragmatismo, pois atua no proletariado (junto ao povo) dando uma esperança que não existe, que não é objetiva e, portanto, falsa, sendo essa a própria base do medo. Nesse sentido, o seu medo é repassado para o povo. Quando se trabalha sob o foco do materialismo dialético, qualquer povo fará as transformações necessárias nos momentos oportunos. Haverá nessas horas a vontade e a coragem daqueles que não têm nada a perder.
Estamos novamente em um processo eleitoral no Brasil, e tanto eleger Lula a presidente como construir um programa soberano e levar o povo às ruas contra o golpe são as marcas objetivas da necessidade do proletariado. Para derrotar o governo genocida, Mourão e suas corjas, da forma mais contundente possível, será preciso firmeza nos objetivos a serem alcançados, da mesma forma que devem ser amplamente apresentados para o povo. A ideia precisa ser materializada. Quem tem medo disso, não tem a certeza da necessidade. Ah, mas a necessidade varia conforme os atores (ou classes) envolvidos. A necessidade não, as escaramuças da necessidade, os obstáculos criados a ela, do tempo que se dará para transformá-la. A burguesia e o imperialismo deram um golpe no povo brasileiro, enriqueceram em tempo recorde, mas a necessidade de um Brasil soberano só cresceu. Prenderam Lula, tiraram-no fora do páreo e ele novamente está aí. A necessidade se impôs, porque a transformação da realidade objetiva exige.
Não estamos dizendo que acontece sem luta, isso seria um absurdo. Mas as necessidades são objetivas bem como a própria luta; o enquadramento que se quer dar a elas e a força necessária para atingi-las e transformá-las são históricos. Um golpe nas forças progressistas atrasa um caminho, mas não acaba com ele, e as forças da mudança permanecem, são objetivas. É isso, dirão alguns filisteus, não atingimos ainda a condição histórica da mudança. E nós diremos que essas já foram atingidas várias vezes, o que ainda não existe é uma teoria revolucionária que possa impedir os desvios da concepção pequena burguesa a base do movimento proletário, e que sem ela ficamos ainda na iminência de darmos passos seguros de pôr em ação o movimento revolucionário.
E, às vésperas de um momento tão importante da conjuntura nacional da América Latina e do mundo, não tenhamos dúvidas de que essa teoria brotará mais eficaz, já que temos a certeza de que a teoria marxista/leninista vai adquirindo as qualidades superiores também no Brasil. E o primeiro passo é derrotar o oportunismo e crescer, e, para isso, estar à frente das eleições de Lula presidente e de um programa afinado em defesa da Soberania e do povo brasileiro é fundamental.
O medo e a esperança jamais poderão explicar uma determinada conjuntura e muito menos os resultados dos embates de classe nela. Assim como elas jamais podem explicar uma derrota ou uma vitória eleitoral (ou outra qualquer), pois muitas vezes a vitória pode significar uma derrota e vice versa. No entanto, pode explicar muita coisa, quando as direções oportunistas se deixam levar pelo medo e já muito deixaram de sonhar. Sem fé nos de baixos rogam pela intervenção dos de cima ou que nunca abandone o seu lado. Por isso, é Lula sem medo de ser Feliz.
Fora Bolsonaro, Lula Presidente.
Abaixo os golpistas, abaixo o Fascismo.
É Lula, sem medo de ser Feliz.
João Bourscheid
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