Combater o centrismo para retomar a luta proletária revolucionária

A atuação da concepção centrista no seio do movimento revolucionário é uma realidade consolidada há quase 90 anos, desde de o 7º Congresso da Internacional Comunista, ocorrido em 1935. Neste encontro, através da vitória das ideias defendidas por Dimitrov, o centrismo hegemoniza a linha do Movimento Comunista Internacional, revezando em alguns momentos com o revisionismo aberto e declarado.

Conceitualmente o centrismo é a linha política, no interior do movimento comunista, que abre espaço ao revisionismo e rompe com as concepções marxistas de revolução, de ditadura do proletariado e de partido comunista operário. Defende a fusão da classe operária com a pequena burguesia “progressista”. Inclusive, para enfrentar inimigos maiores, como o fascismo, indica a aliança direta com a burguesia dita democrática.

É claro que, segundo a concepção centrista, essas fusões e alianças só são possíveis mediante uma inflexão da pauta do proletariado, que deve abrir mão “momentaneamente” da luta de classe contra classe, da luta pela sua emancipação revolucionária, etc. etc. etc..

Não é nossa intenção pormenorizar aqui as características do centrismo e sim, apenas situar aqueles e aquelas que têm pouca naturalidade com o termo e seu conceito. O fato é que o centrismo desarma a luta revolucionária e, em diferentes momentos da história do movimento comunista, tem assumido diferentes posturas: reformista, social democrata,  de luta por libertação nacional, antifascista, anti-imperialista… Sempre, buscado verdadeiramente submeter o proletarido aos interesses da pequena-burguesia, limitando-o, desarmando-o ideológicamente e degenearando as organizações que representam a luta proletária revolucionária.

O centrismo consolidou-se de tal forma, nestes últimos quase 90 anos, que hoje pouco é lembrado, denunciado e/ou combatido no seio do movimento comunista, não só no Brasil, mas no mundo todo. Tanto é verdade que uma grande gama dos partidos que se dizem comunistas e revolucionários não levantam suas vozes para denunciar. Muito pelo contrário, estes partidos em sua maioria apoiam indiscriminadamente as alianças antiproletárias que formam as Frentes Populares, as chamadas Frentes Amplas, e, com a justificativa de combater a extrema direita, o fascismo e/ou o entreguismo privatista (imperialista),  submetem a pauta proletária ao comando da pequena burguesia reformista, com políticas assistencialistas, mais “democráticas” e menos agressivas aos interesses proletários.

Em geral, os grupos que ainda denunciam este caminho, o fazem de forma sectária, dogmática, puritana, sem conseguir, fortalecer-se a ponto de tornarem-se força política com inserção real na luta de classes de seus países. Aproveito aqui para destacar que não somos contra as alianças com outras classes, sabemos que elas são necessárias, mas o que não aceitamos de forma alguma é que estas alianças sejam acordadas como tem sido nesses últimos quase 90 anos: mediante o desarme ideológico do proletariado e a sua submissão à direção destas outras classes aliadas.

Mas não foi em 1935 a primeira vez que a ideologia centrista se apresentou com força no seio do movimento comunista. Lênin já o enfrentara em vida. Travara contra ela duras batalhas. Sem vacilar e munido do marxismo revolucionário, sem ilusões, não titubeou em denunciá-la e de abrir fogo contra ela, obtendo, dessa forma, vitórias decisivas que permitiram a consolidação da maior revolução socialista até os dias de hoje, a Revolução Soviética.

As lutas dos bolcheviques contra o centrismo durante os períodos que antecederam a Revolução Soviética e que seguiram ocorrendo após a Revolução de 17, são possíveis de se conhecer nos escritos das diversas obras de Lênin, entre elas o destacado livro “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”.

Porém, a partir de 1935, com a vitória das ideias centristas no 7º Congresso da Internacional Comunista, o centrismo começa a lograr êxito em seus objetivos, trazendo duros revezes e consequências drásticas no interior do movimento comunista do mundo inteiro, que duram até os dias de hoje.

Foi com a contribuição direta do centrismo que o revisionismo ascendeu à direção do Estado Soviético e, portanto, foi com a contribuição direta do centrismo que se possibilitou a queda da União Soviética. Da mesma forma, foi com a contribuição direta do centrismo que se permitiu que a palavra democracia passasse a ser difundida distante da luta de classes, como se ela fosse universal, rebaixando a concepção marxista sobre as ditaduras de classes, incluindo-se aqui a ditadura do proletariado. Foi com a contribuição direta do centrismo que o internacionalismo proletário cedeu lugar ao nacionalismo das pátrias socialistas, viabilizando que estas pátrias socialistas atuassem de acordo com seus interesses políticos e econômicos nacionais e não mais pelos interesses do proletariado mundial (podemos citar a China de hoje como o maior exemplo disso, mas, certamente, não o único). Enfim, como não podia deixar de ser, foi com o triunfo do centrismo que o movimento comunista perdeu sua força e seus objetivos revolucionários, logrando hoje meio século de nenhum levante revolucionário socialista pelo globo terrestre.

Alguns aqui podem citar, para contradizer o afirmado no parágrafo anterior, que houveram as meias revoluções, como as da América Latina, na Venezuela, Nicarágua e Bolívia, por exemplo. Mas nós entendemos que, entre outros possíveis motivos que podemos destacar, é muito também pela concepção centrista que estas meias revoluções não avançam para revoluções proletárias completas, não progredindo na necessária tomada do poder por parte do proletariado e portanto, mantendo-se assim, na lógica do sistema burguês da República parlamentar, ao invés  de consolidar um sistema político baseado formalmente na ditadura do proletariado, onde as mais importantes decisões são construídas com os comitês populares; deixando também de erigir um país que possua uma economia socialista planificada, ao invés de uma economia de, no máximo, um capitalismo de Estado, o que acaba por facilitar para o imperialismo gerar o caos, impor a fome e a miséria; deixando de se ter um país em que as forças armadas e o povo sejam um só, ao invés de se ter militares apartados do povo em que, não raras vezes, intervêm contra os interesses proletários e, assim, a favor do imperialismo e das burguesias, etc..

O comunista português Francisco Martins Rodrigues em sua obra “Anti-Dimitrov: 1935/1985 Meio Século de Derrotas da Revolução” nos indica “[…] uma coisa, porém, é certa. O ressurgimento do comunismo passa por uma luta implacável contra o centrismo.” Destaco aqui a palavra implacável, para que não passe despercebida. Se faz necessário que denunciemos o centrismo sem receio, pois fugir deste embate foi o que atrasou a luta proletária revolucionária em uma infinidade impossível de ser expressada em palavras.

Ainda mais que, hoje ainda, os comunistas seguem sendo vítimas desta nociva concepção, ao não perceberem o quão reacionário e antimarxista são os encaminhamentos de frente ampla, onde a força proletária fica a serviço da burguesia e da pequena burguesia. Encaminhamentos estes de escolha pela luta reformista ao invés dos esforços pela luta revolucionária, da busca por justificar a ausência de embates necessários mais ofensivos contra os ataques ao proletariado, contra a direita e a extrema-direita, contra o imperialismo, contra a fome, a miséria, a carestia, etc., por causa de uma pretensa governabilidade e pacificação favorável à burguesia e ao imperialismo.

A retomada da luta revolucionária do proletariado em escala local e mundial só será possível combatendo vigorosamente o centrismo e suas vertentes. Esse combate passa necessariamente pela análise crítica de seu oportunismo, suas mentiras e seus crimes.

Por isso reafirmamos aqui neste texto o que temos dito em tantos outros sobre nosso país: para que a luta proletária avance a um nível verdadeiramente combativo e, logo em seguida revolucionário, é imperativo denunciar o verdadeiro caráter da atual política econômica do governo Lula, que não anulou os ataques representados pelas contrarreformas golpistas da previdência, do trabalho, do Ensino Médio. Da mesma forma que indiciar a nociva postura deste governo de coalizão com a direita e até mesmo com a extrema-direita, de buscar uma governabilidade com o atual congresso, extremamente conservador, ao invés de denunciá-lo para o povo.

Não mobilizar as massas populares para enfrentar os avanços da direita e da extrema-direita com medo de que isso fortaleça a direita e a extrema-direita contra o atual governo, por exemplo, é uma posição oportunista digna da concepção centrista, que, como sempre, desmobiliza a luta mais combativa, mais avançada das massas, sempre com a desculpa da ausência de força proletária e da dependência do proletariado das classes burguesa e pequeno-burguesa, pois, os ideólogos conscientes do centrismo sabem que esta luta mais combativa, mais progressista do proletariado, leva facilmente a sua hegemonia na luta de classes, o que inevitavelmente, leva a retomada das revoluções proletárias.

O centrismo já atrasou drasticamente a luta do proletariado mundial e continua atrasando, gerando dor, angústia, sofrimento proletário pelo globo todo. Hoje, o avanço “silencioso” da extrema-direita no Brasil, com, mais uma vez, o desarme ideológico do proletariado para resistir, orquestrado magistralmente pela concepção centrista, anuncia um futuro perigoso e tenebroso para o proletariado. Por isso, convocamos aqui todos os comunistas revolucionários à batalha contra o centrismo, denunciando suas posições e atuação, mobilizando, contra a vontade desta concepção reacionária, o proletariado a tomar as ruas na luta pelo seus interesses, contra o centrismo, a direita e a extrema-direita.

Abaixo o centrismo e suas ilusões!

Mobilização proletária nas ruas contra o centrismo, a direita e a extrema-direita!

Pela retomada dos movimentos comunistas revolucionários!

Socialismo ou Morte!

Venceremos!

 

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